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DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOSLoading...
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Leitura de poemas alusivos à temática dos Direitos Humanos.Ler o mundo com pronúncia.
As Pessoas Sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
Sophia de Mello Breyner Andresen
A Natarcia Carvalho apresentou o poema "As pessoas sensíveis", de Sophia de Mello Breyner Andresen, para assinalar a semana dos Direitos Humanos.
Fraternidade
Não me dói nada meu particular.
Peno cilícios da comunidade.
Água dum rio doce, entrei no mar
E salguei-me no sal da imensidade.
Dei o sossego às ondas
Da multidão.
E agora tenho chagas
No coração
E uma angústia secreta.
Mas não podia, lírico poeta,
Ficar, de avena, a exercitar o ouvido,
Longe do mundo e longe do ruído.
Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'
Não me dói nada meu particular.
Peno cilícios da comunidade.
Água dum rio doce, entrei no mar
E salguei-me no sal da imensidade.
Dei o sossego às ondas
Da multidão.
E agora tenho chagas
No coração
E uma angústia secreta.
Mas não podia, lírico poeta,
Ficar, de avena, a exercitar o ouvido,
Longe do mundo e longe do ruído.
Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'
A Marchelia Cruz apresentou o poema "Fraternidade", de Miguel Torga, no âmbito da Semana dos Direitos Humanos.
Tortura
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
– E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
E puro como um ritmo d’oração!
– E sei; depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento!...
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
Florbela Espanca
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
– E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
E puro como um ritmo d’oração!
– E sei; depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento!...
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
Florbela Espanca