Pensamentos
de
Natal

Pensamentos de Natal

Faz frio.
Desço rua abaixo em passo vago
Esta noite não é tão taciturna
Nem lúgubre como as outras.
As ruas iluminadas,
A alegria melancólica
Disfarçada em sorrisos amarelos,
A neve que cai.
No entanto, também em mim
Se acende uma réstia de chama
Fogo de esperança
Que alimenta a alma
De um pobre mendigo
Movido a esperança.

(Sem abrigo)

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Lanço-me à lassidão.
Quem nos trará de volta
Ao cais escamoteado, perdido
Na busca pelo enternecido?
Saio do hospital
Adensa-se o ar à minha volta
Por agora só o meu aconchego
É viagem de bom motivo
Se o levo comigo,
Nunca saberei.
É esta a minha sina
Pelos outros entrego a minha
E se um dia cair, derrotado
Sabereis que vou magnânimo
Pois também os que padecem em combate
São dignos de destaque
Quando a guerra se junta ao finado.

(Profissional de Saúde)

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Os ombros pesam-me.
Arrasto a exortação
Da nação empedernida,
O grito que ressoa,
A bandeira melíflua
Dos que partiram outrora
Luzidios e de sangue trépido.
Sou lei irrevogável
Sou passado no presente
E se, porventura, não carregasse
Com fulgor a ignomínia
Então nada seria
E nada faria.
Hoje, sou mais um peso na balança
E assim deixo de a agarrar
Desbrido-me do meu ser
Para, nesta noite, nada pesar.

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As ondas desenhadas no meu rosto
Não escondem a tormenta
Nem me abrigam do vento.
Antes me afogam
Na escuridão inebriada
No inimigo invisível
Que espreita em cada esquina.
Caminho fugitivo
E espero chegar ao meu destino
O aroma a canela em tons de furor
E o barulho em volta da mesa
Pois, nesta idade,
O silêncio é ensurdecedor.

(Avós)

Sento e espero.
Não há bússola que me guie
E há muito perdi o meu Norte
Entranhado nesta estranheza.
Temo a palavra “perder”
Mas sei que vivo com ela
Não me estivesse a própria vida
A escapar por entre os dedos.
Mas seguirei,
Porque a ignorância que me acompanha
É a resiliência que me domina
E, esta noite,
As estrelas estão mais perto.
Apesar de não me guiarem,
Percebo que, mesmo estando perdido,
Sempre serei encontrado.

(Adolescente)

Mensagem de Natal...

Mensagem Final

Por vezes são-nos colocados obstáculos que alteram a irreal constância da nossa vida. Este, em particular, impede-nos de vivenciar esta época festiva no seu íntimo, que é a partilha de emoções e de experiências com quem nos é mais querido. 
Vivemos de forma tão apressada que nos esquecemos que talvez aquele seja o último abraço, a última conversa ou a última risada. É este o nosso mecanismo de defesa perante uma realidade tão perturbante e inesperada como a vida. No livro “O Estrangeiro”, de Albert Camus, é-nos apresentada a melhor maneira de lidar com esta questão: “O homem pede ao mundo um sentido para a vida e este apenas lhe pode dar uma vida sem sentido”. Apesar das crenças de cada pessoa, não sabemos porque é que hoje o sol nasceu, ou até mesmo porque é que cá estamos. Por isso, aproveitar o que nos é disposto é a melhor maneira de atingir uma existência farta e prazerosa.
O Natal é, por excelência, tempo de valorizar e respeitar o outro; é tempo de parar e agradecer, mesmo quando nos sentimos vazios; é tempo de desfrutar a união e a partilha que nos move ao longo de todo o ano. Por isso, não deixemos que o contexto pandémico que nos assola interfira na nossa plenitude. Somos mais e cada vez seremos mais fortes. Afinal, é isto que implica ser humano: a capacidade de, mesmo quando tudo parece negro, encontrarmos um rastro de luz que nos alimenta.

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