Sóias
Véssu
e
Literatura oral - de S. Tomé e Príncipe
PAFC 7º ano - 2020/21
PAFC 7º ano - 2020/21
Sóia ou estória
Véssu ou provérbio/adágio
trata-se de uma ficção narrada exclusivamente no nozadu e, por isso, à noite. Normalmente tem partes cantadas e é acompanhado por um grupo coral.
é constituído por aforismos, sentenças, axiomas, conselhos, baseados em factos históricos, estórias tradicionais (etc.) com um alto sentido pedagógico e moral.
é constituído por aforismos, sentenças, axiomas, conselhos, baseados em factos históricos, estórias tradicionais (etc.) com um alto sentido pedagógico e moral.
Loading...
IntroduçãoAtendendo ao seu indiscutível valor simbólico e cultural, a Literatura Oral Tradicional é um instrumento fundamental de ajuda à preservação da língua. Representa a base cultural da história dos povos e deve ser encarada como um espaço de divulgação e preservação da cultura. Neste sentido, cabe à escola, atendendo ao seu papel institucional e social, garantir a transmissão, promoção e preservação da cultura dos povos, com o apoio da família e da sociedade civil.
Foi com este propósito que surgiu a ideia de elaborar o presente audiolivro, fruto de um trabalho colaborativo, que envolveu professores e alunos do 7ºano de escolaridade da Escola Portuguesa de São Tomé e Príncipe.
Este trabalho surge no âmbito do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (PAFC), com o intuito de sensibilizar as gerações mais novas para a importância da preservação do Património Cultural e Histórico de São Tomé e Príncipe, valorizando-se as raízes e a identidade do povo santomense.
Apresenta-se aqui uma breve compilação de textos recolhidos pelos alunos junto de familiares e amigos mais velhos, depois de ter sido feito o enquadramento do projeto nas aulas de Cultura e Literatura Santomense e a sensibilização para esta iniciativa com a colaboração do contador de estórias Caustrino de Alcântara, a quem agradecemos a disponibilidade e colaboração.
Loading...
ÍndiceLoading...
SÓIAS (contos)
Loading...
Zé Manel e o pássaroLoading...
Tartaruga adivinhadoraLoading...
O jovem camponês e o giganteLoading...
Quando os cães deixaram de falarLoading...
Os três irmãosLoading...
A Tartaruga e a CaveiraLoading...
VÉSSU (adivinhas e provérbios)
Loading...
Zé Manel e o pássaro
Zé Manel, o caçador, andava a passear em plena floresta quando viu um pássaro que se chama Tluqui Sum Dêçu e ouviu-o dizer:
- Baleia-me, Zé Manel, baleia-me, Zé Manel.
Então, Zé Manel pegou na sua arma e baleou o pássaro. Depois, levou-o para casa e lá, o pássaro disse:
- Corta-me, Zé Manel, corta-me, Zé Manel.
Assim, Zé Manel cortou-lhe o pescoço. Quando o ia depenar, o pássaro disse:
- Depena-me, Zé Manel, depena-me bem, Zé Manel, depena-me bem, Zé Manel!
Assim, Zé Manel depenou-o.
- Baleia-me, Zé Manel, baleia-me, Zé Manel.
Então, Zé Manel pegou na sua arma e baleou o pássaro. Depois, levou-o para casa e lá, o pássaro disse:
- Corta-me, Zé Manel, corta-me, Zé Manel.
Assim, Zé Manel cortou-lhe o pescoço. Quando o ia depenar, o pássaro disse:
- Depena-me, Zé Manel, depena-me bem, Zé Manel, depena-me bem, Zé Manel!
Assim, Zé Manel depenou-o.
Zé Manel e o pássaro (cont.)
Na hora de cortar a barriga ao pássaro, este ficou calado, mas quando Zé Manel começou a tirar-lhe as tripas ele começou a dizer:
- Tira-me as tripas, Zé Manel, tira-me as tripas, Zé Manel, tira-me as tripas, Zé Manel.
Zé Manel começou a assar o pássaro e este começou a dizer:
- Assa-me bem, Zé Manel, assa-me bem, Zé Manel, assa-me bem.
Quando Zé Manel começou a comer o pássaro, este disse:
- Come-me bem, Zé Manel, come-me bem, Zé Manel, come-me bem!
Quando Zé Manel foi dormir, o pássaro saiu da sua barriga dizendo:
- Fui eu que matei Zé Manel, fui eu que matei Zé Manel, fui eu que matei Zé Manel!
- Tira-me as tripas, Zé Manel, tira-me as tripas, Zé Manel, tira-me as tripas, Zé Manel.
Zé Manel começou a assar o pássaro e este começou a dizer:
- Assa-me bem, Zé Manel, assa-me bem, Zé Manel, assa-me bem.
Quando Zé Manel começou a comer o pássaro, este disse:
- Come-me bem, Zé Manel, come-me bem, Zé Manel, come-me bem!
Quando Zé Manel foi dormir, o pássaro saiu da sua barriga dizendo:
- Fui eu que matei Zé Manel, fui eu que matei Zé Manel, fui eu que matei Zé Manel!
A Tartaruga adivinhadora
Chegando uma ocasião, a Tartaruga, que costumava a andar sempre no Palácio, disse garantir que conseguia adivinhar qualquer sonho do Imperador, especialmente o que ele tinha sonhado no dia anterior.
Então, uma vez, o senhor Imperador levantou-se de manhã cedinho, mandou chamar a Tartaruga e disse-lhe:
– Ó minha amiga Tartaruga, você disse-me que consegue adivinhar qualquer pensamento que eu tenha de noite, não é verdade? Você é capaz de me dizer o que eu sonhei ontem? Vamos, diga lá! Vamos lá a ver se sabe mesmo o que é! Ande! Agora, diga-me lá!...
A Tartaruga, muito esperta, com o “casco tchibi-tchibi”, disse:
– Bem, senhor Imperador, dê-me licença que vá para minha casa, de forma a ver se sou capaz de dizer o que é…
Então, uma vez, o senhor Imperador levantou-se de manhã cedinho, mandou chamar a Tartaruga e disse-lhe:
– Ó minha amiga Tartaruga, você disse-me que consegue adivinhar qualquer pensamento que eu tenha de noite, não é verdade? Você é capaz de me dizer o que eu sonhei ontem? Vamos, diga lá! Vamos lá a ver se sabe mesmo o que é! Ande! Agora, diga-me lá!...
A Tartaruga, muito esperta, com o “casco tchibi-tchibi”, disse:
– Bem, senhor Imperador, dê-me licença que vá para minha casa, de forma a ver se sou capaz de dizer o que é…