Os pais ficam muito atentos Andam com ela pela mão! Não diz mamã nem papá Não diz sim, nem diz que não!

Que havemos de fazer, Com a nossa princesinha? O Pai diz que é uma fase... Que irá dizer a vizinha?!

Um dia foi à consulta E nem foi preciso falar, A doutora percebeu que algo se estava a passar!

Comunica com o mundo Do seu jeito sem igual Só foi preciso entender O seu modo especial.

No fundo os pais sabiam Que algo se estava a passar Mas ao ouvir tais palavras, Não queriam acreditar!

Na creche a educadora Diz que ela brinca sozinha Anda em bicos dos pés! E não pára na caminha.

Já aprendeu as rotinas e comunica com o cartão e quando fica zangada a mãe chama-lhe a atenção!

Olhando Maria Vitória Que rodava sem parar Abraçaram-na com força A força de acreditar!

Vitória a Menina CATA-vento

De olhar vago e distante E os seus passos de artista, Anuncia-se um problema Maria Vitória é autista!

AUTORIA/ILUSTRAÇÃO/MONTAGEM Autora: Isabel Vaz Ilustrador: Manuel Guerra (Aluno da Escola José Régio) e Catarina Sousa (Utente do CRM de Assumar) Apoio à Ilustração:&nbsp; Ana Valente e Alexandra Marques Policromia: Ana Margarida Alexandre Produção digital: Carla Louro e Laura Chagas SUPORTE TÉCNICO Psicóloga: Patrícia Santos Terapeuta da fala: Maria Eugénia Martins Língua Gestual Portuguesa: André Maia, Carolina Fernandes, Cláudia Pedreira, Miguel Alves. Designer do Logotipo do projeto CATA-vento: Mariana Raimundo-aluna do Instituto Politécnico de Portalegre Tratamento digital e de design: Hermínio Felizardo

Aquele abraço apertado Foi um abraço de magia Abriu portas a um caminho De amor e terapia.

Os pais estavam felizes Já nascera a princesinha, Rosto redondo, olhos grandes! Cabelo de carapinha.

Certo dia pela manhã Um dia de vendaval Nasceu Maria Vitória Num bloco do hospital!

Passo a passo...dia a dia Todos ganharam alento Já conquistou os amigos A girar em catavento!

Tapa os dois ouvidos E grita muito zangada Mordeu-se...correu...saltou... E ficou descontrolada!

Aprendeu a controlar O seu modo furacão Roda como um catavento E sabe dizer que não!

A mãe chama-a pelo nome, Vitória não dá atenção, Gosta de ir até às nuvens, como bola de sabão.

Rodopia sem parar Perdida no pensamento, E a toda a velocidade Só parece um cata-vento.

Vitória respira fundo vai ao trampolim saltar Já controla a energia p´ra não se descontrolar!

Vitória nasceu sem medos, Foi dia de felicidade, E o seu primeiro choro Entoou a maternidade.

Vitória a Menina CATA-vento

- Vitória, olha p´ra mim!!! Vamos fazer a respiração, enche o peito como eu... como se fosse um balão!

O autismo não é doença nem é o bicho papão requer trabalho e paciência E Amor no coração

Com o seu olho arregalado, Olhar pleno de doçura, Um sorriso encantador Que erradia ternura.

Puxa a avó pela roupa - Vitória pára quieta! Diz a avó aflita, preocupada com a neta.

Acreditar que o autismo É possível de entender, O amor vence barreiras, Não é hora de esmorecer!

E quando vão passear Vai dentro do seu carrinho Não vá começar às voltas Parecendo um remoinho.

Gosta de morder a roupa, Chora...chora...sem parar! Acende e apaga a luz Como quem está a brincar!

Ela não anda, ela dança! Em passos de bailarina. Abre os braços, rodopia, Anda descalça a menina!

Roda, roda, roda, roda! É um doce furacão, Leva tudo à sua volta Tal não é a confusão!

Foi crescendo a cada dia, Explorando o mundo à sua volta. Gosta de flores e da chuva, E de correr leve e solta!

Quando está mesmo zangada porque a rotina mudou, morde a argola de borracha que a avó lhe comprou!