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Uma longa tradição permite que possamos pensar as palavras como imagens. É como se pudéssemos fazer uma grande colagem de tudo aquilo que nos interessa. Proponho criar um jogo de palavras para pensar a arte contemporânea, são elas:
dissociação, deslocamento, anacronismo, restos, rastros, vestígios, processos, experimentações, confisco, sentido, temporalidades, acontecimento, diferenças.
Apesar de uma simples escolha proporcionar uma dica de onde pretendo montar minhas questões, não posso negar que a simples menção de uma unidade já nos joga para fora do jogo!
É porque a arte contemporânea está situada num terreno ímpar, nela ressoa as vanguardas históricas do passado e outros longos percursos que permitiram pensar a experiência estética deslocando a ideia de arte do fazer artístico, em direção à práxis política, ou em outros caminhos ( a arte como ideia, inserida na vida…).
Veja que não é perseguindo os desdobramentos históricos que conseguiremos enxergá-la melhor, então persigamos as palavras de Duchamp quando questiona que tipo de experiência temos, se a arte não está nem atrelada ao conhecimento e nem à beleza, estamos muito mais próximos de um exercício contínuo de desorientação.
Significa dizer que um dos gozos está em enveredar pelos questionamentos que ela nos propõe. É nesse contexto de perda de um sentido total que a teoria entra como uma forma de dar sustento ao empreendimento. Não que a arte em si mesma precise, mas vislumbrá-la em sua precariedade teórica faz com que estejamos mais colados à desorientada experiência de nosso tempo.
Aline Reis | Rio de Janeiro, fevereiro 2021
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CADA PENSAMENTO TEM A SUA PAISAGEM
Recortes entre Filosofia e Arte Contemporânea
O que significa dizer que “cada pensamento tem a sua paisagem”? Se adotarmos como caminho a ida da filosofia à arte contemporânea, podemos dizer que determinadas formas de pensar produziram um impacto considerável na tradição ocidental e ensejaram variadas paisagens: pintada, esculpida, colada, ausente, não só como uma janela para a alma, dentre outras.
Se começarmos pelo pensamento de Nietzsche veremos que o niilismo de “hóspede indesejável” passou a perpassar a experiência contemporânea da arte, o que aparece no mofo das frutas em meio a natureza morta, no descascado das paredes da galeria como suporte ao trabalho de arte e uma série de obras que mostram a imaterialidade das coisas do mundo, os vestígios, as precariedades, os restos.
Entendo que a medida histórica no qual a arte contemporânea emerge diz muito mais sobre os seus modos de ser do que o fato de ser meramente um desdobramento da arte moderna. A história da arte traz também escolhas teóricas, adota discursos e legitima obras e artistas, portanto identificar a paisagem como representação da natureza na pintura e relacioná-la a adoção moderna de perspectiva é um desdobramento possível e remonta à tradição da filosofia cartesiana.
Vejam que pensar sobre a relação entre pensamento e paisagem pode partir de várias outras perspectivas, se quisermos partir do mundo já dado, destituindo os objetos de sua instrumentalidade, utilizando-o como “um plano e um acaso” como disse Richard Long, podemos colocar em jogo a experiência da arte nos limites factuais, históricos e finitos.
E como se tudo não fosse apenas ontologia, podemos vislumbrar uma nova paisagem surgindo na arte contemporânea atrelada à genealogia (o fio condutor também Nietzsche) que trata de pensar os fenômenos históricos na sua relação entre sentido e poder, também de forma material, de subjetivação dos corpos numa perspectiva chamada decolonial.
Aline Reis | Rio de Janeiro, março 2021
Se começarmos pelo pensamento de Nietzsche veremos que o niilismo de “hóspede indesejável” passou a perpassar a experiência contemporânea da arte, o que aparece no mofo das frutas em meio a natureza morta, no descascado das paredes da galeria como suporte ao trabalho de arte e uma série de obras que mostram a imaterialidade das coisas do mundo, os vestígios, as precariedades, os restos.
Entendo que a medida histórica no qual a arte contemporânea emerge diz muito mais sobre os seus modos de ser do que o fato de ser meramente um desdobramento da arte moderna. A história da arte traz também escolhas teóricas, adota discursos e legitima obras e artistas, portanto identificar a paisagem como representação da natureza na pintura e relacioná-la a adoção moderna de perspectiva é um desdobramento possível e remonta à tradição da filosofia cartesiana.
Vejam que pensar sobre a relação entre pensamento e paisagem pode partir de várias outras perspectivas, se quisermos partir do mundo já dado, destituindo os objetos de sua instrumentalidade, utilizando-o como “um plano e um acaso” como disse Richard Long, podemos colocar em jogo a experiência da arte nos limites factuais, históricos e finitos.
E como se tudo não fosse apenas ontologia, podemos vislumbrar uma nova paisagem surgindo na arte contemporânea atrelada à genealogia (o fio condutor também Nietzsche) que trata de pensar os fenômenos históricos na sua relação entre sentido e poder, também de forma material, de subjetivação dos corpos numa perspectiva chamada decolonial.
Aline Reis | Rio de Janeiro, março 2021
POÉTICA E METODOLOGIA CURATORIALDA 34ª BIENAL SP”
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Recortes entre Filosofia e Arte Contemporânea
O intuito aqui é tecer algumas considerações sobre a poética e a metodologia usadas por Jacopo Crivelli Visconti (curador geral), Paulo Miyada (curador adjunto), Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez (curadores convidados) extraídas de uma live da pós da FAAP, na qual não só Paulo e Carla falaram, mas como as entendi dentro de um contexto maior de estudos curatoriais nos quais me interesso.
A concepção e construção dessa Bienal constrói um enunciado, muito mais que um título, como forma de tensionar o diapasão dentro e fora da instituição para poder cantar num tempo no qual “o breu que nos cerca foi se adensando: dos incêndios na Amazônia que escureceram o dia em São Paulo aos lutos e reclusões gerados pela pandemia e as decorrentes crises políticas, sociais e econômicas” e reivindicam “ao mesmo tempo o direito à opacidade, tanto das expressões da arte quanto das identidades de sujeitos e grupos sociais. Não precisamos entender tudo, nem nos entender todos, trata-se de falar nossa língua sabendo que há coisas que outros idiomas nomeiam e nós não sabemos dizer”.
Os enunciados funcionam por entre as escolhas dos objetos: um sino que ecoou na noite em que Tiradentes morreu em 1792 e que em 1960 foi levado à Brasília por Juscelino ou no retrato de Frederick Douglas, abolicionista, estadista e escritor estadunidense, mais retratado que Abraham Lincoln em sua época, entre outros.
A urdidura dessas redes traçam outras apreensões com a obra como se funcionassem como índice de trabalho. O exemplo dado pela curadoria é a obra de Antonio Dias ao lado do sino. De todas as camadas acrescentadas ao discurso curatorial é significativo a relação que querem alcançar com o entorno expositivo da Cidade, não só ampliando os significados dos objetos e das obras como relacionando-os às demais exposições que são visitadas pelos mesmos atores sociais que visitam à Bienal. Trata-se de ampliar a rede conceitual numa rede remissa que englobe arquitetura, campo expandido e crítica política. Para tanto, utilizam como referencial teórico Édouard Glissant, Eduardo Viveiro de Castro e Thiago de Mello.
Ressoa na experiência da arte um gosto amargo da história colonial brasileira, na maneira como os povos escravizados tocavam os sinos das igrejas mineiras, na posição de um tempo de opacidade, niilista, afeito ao intempestivo contemporâneo que ainda europeu entrelaça a pouca intimidade entre a Bienal e o seu público.
ALINE REIS | 16 março 2021
A concepção e construção dessa Bienal constrói um enunciado, muito mais que um título, como forma de tensionar o diapasão dentro e fora da instituição para poder cantar num tempo no qual “o breu que nos cerca foi se adensando: dos incêndios na Amazônia que escureceram o dia em São Paulo aos lutos e reclusões gerados pela pandemia e as decorrentes crises políticas, sociais e econômicas” e reivindicam “ao mesmo tempo o direito à opacidade, tanto das expressões da arte quanto das identidades de sujeitos e grupos sociais. Não precisamos entender tudo, nem nos entender todos, trata-se de falar nossa língua sabendo que há coisas que outros idiomas nomeiam e nós não sabemos dizer”.
Os enunciados funcionam por entre as escolhas dos objetos: um sino que ecoou na noite em que Tiradentes morreu em 1792 e que em 1960 foi levado à Brasília por Juscelino ou no retrato de Frederick Douglas, abolicionista, estadista e escritor estadunidense, mais retratado que Abraham Lincoln em sua época, entre outros.
A urdidura dessas redes traçam outras apreensões com a obra como se funcionassem como índice de trabalho. O exemplo dado pela curadoria é a obra de Antonio Dias ao lado do sino. De todas as camadas acrescentadas ao discurso curatorial é significativo a relação que querem alcançar com o entorno expositivo da Cidade, não só ampliando os significados dos objetos e das obras como relacionando-os às demais exposições que são visitadas pelos mesmos atores sociais que visitam à Bienal. Trata-se de ampliar a rede conceitual numa rede remissa que englobe arquitetura, campo expandido e crítica política. Para tanto, utilizam como referencial teórico Édouard Glissant, Eduardo Viveiro de Castro e Thiago de Mello.
Ressoa na experiência da arte um gosto amargo da história colonial brasileira, na maneira como os povos escravizados tocavam os sinos das igrejas mineiras, na posição de um tempo de opacidade, niilista, afeito ao intempestivo contemporâneo que ainda europeu entrelaça a pouca intimidade entre a Bienal e o seu público.
ALINE REIS | 16 março 2021
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ARQUITETURA CURATORIAL
Recortes entre Filosofia e Arte Contemporânea
Há uma longa tradição por detrás de pensar a arte a partir da literatura. Vários autores através dos séculos teorizaram a arte levando-a em conta, voltando-se para ela. Sartre, por exemplo, no “Que é Literatura?”, embora tivesse como meta incidir sobre o engajamento da arte na práxis política, também não se furtou a constituí-la dotada de protagonismo sobre as demais (a música, as artes plásticas e mesmo a poesia). É significativo também que os conceitos usados para adorná-la em discussões teóricas trouxessem à tona escolhas linguísticas muito próximas à história.
O caráter de narrativa tão discutido por teóricos também não passa desapercebido nessa apreensão, vemos que ainda há na urdidura das redes curatoriais traços de discursividade. De Hegel ao pensamento genealógico, alteridades, camadas, alcançam rastros e vestígios de sedimentação histórica que devem ser removidos e descobertos numa “nova” arquitetura, menos filosófica e mais científica, de campo expandido e crítica política.
Ainda há um traço moderno na arquitetura curatorial quando pensa o texto como um pilar firme do edifício que deve erigir. Pensar um texto como uma arquitetura (Kant) ainda nos parece dizer muito sobre como iremos estruturar as escolhas curatoriais, das obras aos artistas, do entorno do museu ou espaço de arte ao mundo, do que a forma ou o lugar no qual os trabalhos de arte serão mostrados. A intenção de colocar em xeque a maneira como a curadoria se estrutura e no que se alicerça é o motiva a compreensão.
Uma forma de sair desses vários impasses é logo descrever que há uma pluralidade, não há uma só Arte e nem a Arte e sim as Artes, ou mesmo há a particularidade que incide sobre o universal.
É forçosamente imperativo descobrir que a forma de lidar ainda guarda traços históricos bem delineados. Contradições. O corpo ainda mantém marcas das paixões de outra cama. Nisso, o circuito de arte traz vivamente, quem interessa, quem deve ser considerado, o que é arte…
E como a estrutura curatorial ainda se parece muito mais com uma arquitetura do que uma escultura (pressionar os dedos por sob a matéria), muito mais uma maquete do que um molde maleável, é necessário falar, desfazer, combater. A rigidez é palpável mesmo na fina camada de pó que não mais adere à mesa de cabeceira, traço do contemporâneo do existir das coisas no mundo.
ALINE REIS | 23 março 2021
O caráter de narrativa tão discutido por teóricos também não passa desapercebido nessa apreensão, vemos que ainda há na urdidura das redes curatoriais traços de discursividade. De Hegel ao pensamento genealógico, alteridades, camadas, alcançam rastros e vestígios de sedimentação histórica que devem ser removidos e descobertos numa “nova” arquitetura, menos filosófica e mais científica, de campo expandido e crítica política.
Ainda há um traço moderno na arquitetura curatorial quando pensa o texto como um pilar firme do edifício que deve erigir. Pensar um texto como uma arquitetura (Kant) ainda nos parece dizer muito sobre como iremos estruturar as escolhas curatoriais, das obras aos artistas, do entorno do museu ou espaço de arte ao mundo, do que a forma ou o lugar no qual os trabalhos de arte serão mostrados. A intenção de colocar em xeque a maneira como a curadoria se estrutura e no que se alicerça é o motiva a compreensão.
Uma forma de sair desses vários impasses é logo descrever que há uma pluralidade, não há uma só Arte e nem a Arte e sim as Artes, ou mesmo há a particularidade que incide sobre o universal.
É forçosamente imperativo descobrir que a forma de lidar ainda guarda traços históricos bem delineados. Contradições. O corpo ainda mantém marcas das paixões de outra cama. Nisso, o circuito de arte traz vivamente, quem interessa, quem deve ser considerado, o que é arte…
E como a estrutura curatorial ainda se parece muito mais com uma arquitetura do que uma escultura (pressionar os dedos por sob a matéria), muito mais uma maquete do que um molde maleável, é necessário falar, desfazer, combater. A rigidez é palpável mesmo na fina camada de pó que não mais adere à mesa de cabeceira, traço do contemporâneo do existir das coisas no mundo.
ALINE REIS | 23 março 2021
A COISA DA ARTE
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Recortes entre Filosofia e Arte Contemporânea
Relendo o texto de Joseph Kosuth “A arte depois da filosofia” (no livro Escritos de Artistas: anos 60-70 organizado por Glória Ferreira e Célia Cotrim da editora Zahar) me deparei com a citação de Ad Reihardt:
“A única coisa a ser dita sobre a arte é que ela é uma coisa. A arte é arte-como-arte e todo o resto é todo o resto. A arte como arte não é nada além da arte. A arte não é o que não é arte”.
Isso me fez pensar numa série de questões que gostaria de compartilhar aqui.
Dos vários cursos e encontros que participei nunca me passou desapercebido que o artista ou o curador partiam de algum lugar para falar sobre arte. Parece bem simples essa afirmativa, óbvia antes de tudo, mas não é. Partir de um ponto dado, um referencial teórico já previamente construído (pela história ou pela adoção de uma escolha teórica bem articulada) traz desdobramentos de aspecto formal que incidem significativamente na apreensão do que é arte.
Uma vez numa exposição conversando com um curador ele me perguntou se eu ia da filosofia à arte ou da arte à filosofia e essa mera sugestão me deu um lugar no mundo. Eu olho da filosofia para a arte e isso faz toda a diferença na construção do meu trabalho de pensar a arte contemporânea. Recentemente vi uma professora dizer que parte da educação para a arte, o que muda significativamente o campo no qual estamos proferindo as sentenças e os enunciados.
Como o intuito aqui é invadir a contemporaneidade a partir do território transdisciplinar da arte, as interseções entre àqueles que a tem como paixão promovem o surgimento da coisa da arte e nada mais (todo o resto é resto), em intercâmbios de apreensões distintas (e leituras desiguais), e tal alinhavo produz novos sentidos da arte como coisa, costurando noções, mapeandopossíveis discursos (historicizantes ou não), fazendo surgir a pesquisa, compreendendo que a arte contemporânea alarga os horizontes em qualquer uso que se faça de seus processos.
ALINE REIS | 30 março 2021
“A única coisa a ser dita sobre a arte é que ela é uma coisa. A arte é arte-como-arte e todo o resto é todo o resto. A arte como arte não é nada além da arte. A arte não é o que não é arte”.
Isso me fez pensar numa série de questões que gostaria de compartilhar aqui.
Dos vários cursos e encontros que participei nunca me passou desapercebido que o artista ou o curador partiam de algum lugar para falar sobre arte. Parece bem simples essa afirmativa, óbvia antes de tudo, mas não é. Partir de um ponto dado, um referencial teórico já previamente construído (pela história ou pela adoção de uma escolha teórica bem articulada) traz desdobramentos de aspecto formal que incidem significativamente na apreensão do que é arte.
Uma vez numa exposição conversando com um curador ele me perguntou se eu ia da filosofia à arte ou da arte à filosofia e essa mera sugestão me deu um lugar no mundo. Eu olho da filosofia para a arte e isso faz toda a diferença na construção do meu trabalho de pensar a arte contemporânea. Recentemente vi uma professora dizer que parte da educação para a arte, o que muda significativamente o campo no qual estamos proferindo as sentenças e os enunciados.
Como o intuito aqui é invadir a contemporaneidade a partir do território transdisciplinar da arte, as interseções entre àqueles que a tem como paixão promovem o surgimento da coisa da arte e nada mais (todo o resto é resto), em intercâmbios de apreensões distintas (e leituras desiguais), e tal alinhavo produz novos sentidos da arte como coisa, costurando noções, mapeandopossíveis discursos (historicizantes ou não), fazendo surgir a pesquisa, compreendendo que a arte contemporânea alarga os horizontes em qualquer uso que se faça de seus processos.
ALINE REIS | 30 março 2021
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PERSEGUINDO A GEOMETRIA ANALÍTICA DE KUSUTH
Recortes entre Filosofia e Arte Contemporânea
Mesmo perseguindo a contemporaneidade na arte no que tange às várias acepções teóricas que incidam sobre ela, não há dúvida de que ao reler o texto de Joseph Kosuth “A arte depois da filosofia” (no livro Escritos de Artistas: anos 60-70 organizado por Glória Ferreira e Célia Cotrim da editora Zahar), tenho que admitir que é na filosofia que encontramos as respostas para pensar de modo mais aberto possível a definição de arte conceitual, a natureza de sua proposição linguística e os erros que a camada da crítica nos legou sobre a superfície dela.
No afã de destituir críticos e artistas formalistas (menciona Greenberg e Pollock de forma nada lisonjeira) para os quais o lastro estético ainda se mantém perceptível enviesando a apreensão da arte, Kosuth propõe a analogia entre a condição da arte e a condição da proposição analítica como forma de dar conta do caráter tautológico da arte que não pode ser medido sem levar em consideração as consequências lógicas que dela advém.
Isso significa dizer que o artista como um analista se preocupa muito mais com o modo de aparição do seu trabalho do que com a qualidade dos objetos que expõem, está diretamente mobilizado pela potência de uma investigação sobre os fundamentos do conceito de “arte” e no sentido que acabam adquirindo no contexto da arte. Equivocadamente os teóricos focalizaram o aspecto negativo da arte conceitual (a imaterialidade e a antiobjetividade) como proponderante, mas a pista além de falsa só realça a degradação da coisa.
Se ainda estamos tratando de uma ontologia (o “ver” está diretamente em jogo) a apreensão deve se manter no terreno da lógica. Se “a única exigência da arte é com a arte” e “a arte é a definição da arte” trata-se de mantermos no plano da filosofia da linguagem e no a priori (juízo analítico de Kant) para compreendê-la em sua dimensão propositiva.
É nesse solo que está fundada a arte conceitual do século XX.
ALINE REIS | 6 abril 2021
No afã de destituir críticos e artistas formalistas (menciona Greenberg e Pollock de forma nada lisonjeira) para os quais o lastro estético ainda se mantém perceptível enviesando a apreensão da arte, Kosuth propõe a analogia entre a condição da arte e a condição da proposição analítica como forma de dar conta do caráter tautológico da arte que não pode ser medido sem levar em consideração as consequências lógicas que dela advém.
Isso significa dizer que o artista como um analista se preocupa muito mais com o modo de aparição do seu trabalho do que com a qualidade dos objetos que expõem, está diretamente mobilizado pela potência de uma investigação sobre os fundamentos do conceito de “arte” e no sentido que acabam adquirindo no contexto da arte. Equivocadamente os teóricos focalizaram o aspecto negativo da arte conceitual (a imaterialidade e a antiobjetividade) como proponderante, mas a pista além de falsa só realça a degradação da coisa.
Se ainda estamos tratando de uma ontologia (o “ver” está diretamente em jogo) a apreensão deve se manter no terreno da lógica. Se “a única exigência da arte é com a arte” e “a arte é a definição da arte” trata-se de mantermos no plano da filosofia da linguagem e no a priori (juízo analítico de Kant) para compreendê-la em sua dimensão propositiva.
É nesse solo que está fundada a arte conceitual do século XX.
ALINE REIS | 6 abril 2021