Book Creator | DICIONÁRIO ILUSTRADO DE HISTÓRIA - Lucas Antunes Beltrame Fiorot Cruz

1) África Subsaariana

A África Subsaariana trata-se de uma região do continente africano formada por 47 países (entre eles, Congo, Quênia, Tanzânia, Uganda, Somália, Sudão, Etiópia, Nigéria, Senegal e Camarões), a qual está localizada ao sul do Deserto do Saara, correspondendo a uma área onde vive a maioria da população negra de tal continente, razão pela qual era pejorativamente chamada de “África Negra”.

Essa região é considerada por muitos pesquisadores como sendo o “berço da humanidade”, por acreditarem que tenha sido nela a formação dos primeiros seres humanos, sendo também conhecida como “a última fronteira do capitalismo”, pelo fato de se considerar que o seu território tenha sido o último a ser colonizado pelo mundo capitalista.

Essa parte da África é considerada por muitos como a região mais pobre do planeta, estando nela localizados países com grandes problemas estruturais, onde a expectativa de vida não ultrapassa os 47 anos, sem falar nos índices de alfabetização de adultos e o nível de escolaridade que são muito baixos.

Além disso, a maior parte dos Estados que compõe essa região conta com uma grande variedade de etnias em um mesmo território, isso em virtude do processo de exploração colonial. Assim, notam-se Estados com várias nações e várias nações sem Estado, o que acarreta a ocorrência de brigas internas pelo poder, prejudicando muito a economia e as condições de vida em tais países. Com isso, são registrados nessa região os maiores índices de pobreza e fome no mundo, bem como os piores resultados estatísticos como taxas de mortalidade e baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

2) Berberes

Considerados os povos mais antigos do continente africano, os berberes são um grupo étnico nômade ou seminômade que habitam as montanhas e as áreas desérticas do Norte da África desde os tempos primitivos, áreas essas compostas pelo Deserto do Saara, localizadas especialmente nos atuais Marrocos e Argélia.

Antigamente, os berberes viviam de forma nômade, praticando uma economia que se baseava no comércio, principalmente de tecidos, alimentos, sal, artesanato e jóias. Para tanto, usavam como meio de transporte de mercadorias o camelo, que é um animal muito adaptado à vida no deserto.

Os berberes, em sua grande maioria, seguem a religião muçulmana, e, hoje em dia, a maioria deles possui residência fixa, habitando principalmente ao norte da África. Só para se ter ideia, atualmente existem cerca de 70 milhões de berberes na região Norte do continente africano.

3) Candaces

As candaces são as rainhas mães da realeza africana na antiguidade. Corajosas e valentes guerreiras, as rainhas candaces eram mulheres negras africanas que detinham o poder político central, exercendo funções políticas, sociais e culturais, na cidade que governavam na antiga civilização africana (supõe-se entre os séculos VI a.C. até o século II d.C.), no antigo Império Meroé, ao sul do Egito, no reino núbio de Cuxe, com a formação de uma sociedade matrilinear. A presença dessas mulheres no poder central, à frente da administração estatal e da economia, liderando inclusive grandes exércitos da época, veio a possibilitar a interpretação da importância e da significativa contribuição das mulheres negras africanas ao longo da história.

4) Coivara

A coivara trata-se de uma técnica antiga (remonta às comunidades aldeãs da África) e tradicional de preparo da terra para o plantio utilizada em comunidades tradicionais como quilombolas, indígenas, caiçaras (do litoral) e ribeirinhas no Brasil, que consiste na derrubada e na queima da vegetação de um terreno para limpá-lo e adubá-lo com as cinzas, realizando-se um plantio itinerante à medida que o solo se esgota. Esse método é, pois, utilizado principalmente em agricultura de subsistência, por pequenos proprietários de terra ou em áreas de plantio em comunidade.

A palavra “coivara” é de origem indígena tupi, onde koybara significa “pegar paus de roça”.

Trata-se, pois, de uma técnica considerada rudimentar, há muito tempo utilizada na agricultura, envolvendo baixos custos, porém, com resultados não muito eficazes, pois pode levar ao rápido esgotamento do solo.

Além da possibilidade de levar ao esgotamento do solo, um outro contratempo da coivara consiste na possibilidade de tal técnica vir a gerar, acidentalmente ou intencionalmente, queimadas na vegetação nativa, aumentando o desmatamento, além do fato de que a queima da vegetação ocasiona a poluição do ar.

5) Comunidade Aldeã

A comunidade aldeã, ou simplesmente aldeia, era o tipo de organização política apresentado por algumas sociedades da África subsaariana, observadas as características e peculiaridades de cada comunidade que as diferenciavam das demais. Na verdade, o que as comunidades aldeãs tinham em comum era uma organização política e social que tinha como base a aldeia, sendo que a vida na comunidade era, pois, estabelecida em torno da aldeia, onde se compartilhava a mesma cultura, hábitos, modo de vida e regras de convivência, com a atenção voltada especialmente para a produção de recursos visando garantir a subsistência dos habitantes da aldeia.

Em geral, tais comunidades aldeãs vieram a se constituir através da reunião de grupos nômades em locais de coleta e caça abundante. De forma gradativa, esses grupos, pelo contato com povos de outras regiões, vieram a desenvolver a agricultura, adotando, assim, um modo e vida sedentário ou seminômade.

A comunidade aldeã era constituída por algumas ou várias famílias ligadas por laços de parentesco ou de ancestralidade, lideradas por um chefe, que era auxiliado por um conselho formado por chefes de família, os quais geralmente eram mais velhos e muito respeitados pelo grupo.

6) Djenné

Djenné é uma pequena cidade no centro do Mali, país do continente africano, situada a oeste do rio Bani. A cidade é famosa pela Grande Mesquita de Djenné, originalmente construída em 1220 e reconstruída em 1907.

No passado, a cidade de Djenné foi um centro de comércio e aprendizagem, tendo sido conquistada inúmeras vezes desde a sua fundação. Pela belíssima contribuição à história da sociedade, o centro histórico da cidade de Djenné foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco no ano de 1988.

A Grande Mesquita de Djenné em Mali, África.

7) Édito de Milão

O Édito de Milão foi um decreto do imperador Constantino, convertido ao cristianismo, que estabeleceu a tolerância religiosa dentro do Império Romano, com liberdade de culto a todas as crenças. Esse decreto resultou de um acordo político concluído em Milão entre o próprio imperador Constantino (imperador no Ocidente) e o imperador Licínio (imperador no Oriente), no ano 313.

Na primeira parte do Édito de Milão, o princípio da liberdade religiosa foi estendido a todos os cidadãos e, consequentemente, os cristãos foram reconhecidos como tendo o direito de desfrutar dessa liberdade. Na segunda parte do decreto, foi determinada a restauração dos antigos locais de culto dos cristãos, bem como a devolução de outras propriedades confiscadas pelas autoridades romanas.

Em razão da expedição do Édito de Milão, a evangelização do império se acelerou, vindo as comunidades cristãs a se tornarem indispensáveis ao poder imperial, culminando, no ano de 353, no reconhecimento do cristianismo como a religião oficial do Império Romano.

Imperador Constantino: idealizador do Édito de Milão

8) Meroítas

Os meroítas foram os habitantes da cidade de Méroe, capital do Reino Cuxita, os quais, segundo pesquisadores e historiadores, eram grandes construtores e artesãos. De acordo com levantamentos, tais habitantes produziam lanças, machados e enxadas de ferro, assim como objetos de cerâmica, tecidos e objetos de ouro e pedras preciosas.

Eles também foram responsáveis por desenvolver um comércio ativo, que ligava o Mar Mediterrâneo ao interior da África, onde circulavam ouro, marfim, ébano, peles de leopardo, penas de avestruz, macacos e pedras para a construção de templos e pirâmides. Com isso, Méroe se desenvolveu, se tornando um grande empório de produtos vindo de vários pontos do continente africano.

Pirâmides do cemitério de Méroe, no Sudão.

9) Monoteísta

Monoteísta é originado do termo monoteísmo, que é a crença em uma única divindade, em um único deus. Em sua forma etimológica, a palavra monoteísmo tem origem nas palavras gregas mónos = único, théos = deus.

Os monoteístas seguem apenas uma religião e creem em uma única divindade. Assim, ao contrário do politeísmo, que acredita em vários deuses, o monoteísmo defende a existência de um só deus criador de todo o universo.

A título de ilustração, diferentemente da maior parte dos povos da Antiguidade, os hebreus eram monoteístas, ou seja, acreditavam na existência de um único deus, Yahweh (Javé ou Jeová).

10) Reino de Cuxe

O antigo Reino de Cuxe era um reino independente na África que veio a se desenvolver em uma região africana ao sul do Egito, na época chamada Núbia, a qual era habitada por povos negros. Atualmente essa região faz parte do Sudão.

A civilização cuxita foi uma das mais prósperas da África antiga, tendo reunido a cultura egípcia e a de outros povos africanos.

Os cuxitas, como seu povo era chamado, eram africanos negros, os quais era agricultores em sua maioria, embora houvesse também artesãos e mercadores.

O Reino de Cuxe, cuja capital passou a ser a cidade de Méroe, era muito rico. Além de possuir minas de ouro e terras cultiváveis, ficava em uma ótima localização para realizar comércio com outros povos.

11) Sociedade Matrilinear

A Sociedade Matrilinear corresponde a um grupo social que segue um sistema de parentesco no qual a descendência ancestral é traçada por meio de linhas maternas em vez de paternas. Assim, nesse sistema, é levado em conta a linhagem feminina de descendência.

Em sociedades desse tipo, a família tem como base a mulher, mãe, filha. O papel de liderança e poder é exercido pela mulher e especialmente pelas mães de uma comunidade. Homens são líderes apenas quando herdam o cargo de suas mães ou irmãs. Na família matrilinear, é o homem que deixa sua casa, abandona seus laços familiares e vai morar com a família da esposa, adequar-se a seu estilo de vida.

As sociedades matrilineares são encontradas em vários lugares do mundo, como em partes da África (vide as candaces no Reino Cuxita de Méroe), sudeste da Ásia e Índia.