Gobique, um herói inesperado...

Numa tarde de inverno, de muito vento, em Roriz, o Gonçalo foi a correr pôr no capoeiro os pintainhos que tinham nascido há uma semana.

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Recolheu as ovelhas e levou para casa o seu grande amigo Gobique, o cão que o acompanhava em todos os momentos.

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As poucas folhas das árvores da parte de trás da casa faziam imenso barulho. Gonçalo, junto da lareira com o seu cão ao lado, fazia os trabalhos de casa. Era domingo e, normalmente, aproveitava a tarde para estudar.

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A mãe estava a descansar no quarto com a irmã, a semana era sempre muito cansativa para ela.

A casa em pedra, construída em 1950, tinha já sofrido algumas alterações. Era pequena, viviam lá o Gonçalo, a mãe e a Maria. O Gonçalo tinha 16 anos e frequentava o 10.º ano na Escola Básica e Secundária de Vale do Tamel, a Maria tinha 10 anos e estava agora no 5.º ano na mesma escola.

A mãe, que se chamava Rita, trabalhava numa fábrica de bordados ao pé de casa. Todos os dias se levantava às 6 da manhã para ajudar a Maria, mais dependente da mãe, adiantar um pouco o jantar e sair para a fábrica.

O Gonçalo era um aluno muito interessado na escola e gostava de ajudar os outros meninos. Passava muito tempo com o grande amigo Gobique. O cão todos os dias o acompanhava à paragem do autocarro. Só quando o autocarro desaparecia, o cão regressava a casa para se esticar junta da sua casota.

Todos os dias, o Gonçalo tinha de chamar à atenção dos meninos que, junto da paragem de autocarro, faziam brincadeiras perigosas, empurravam-se uns aos outros, passavam a estrada a correr… Infelizmente, os meninos não lhe prestavam muita atenção. Todas aquelas brincadeiras incomodavam o Gonçalo, um adolescente muito responsável. Tentava, também, explicar-lhes que a passadeira era o sítio certo para atravessar a estrada, uma vez que era frequente a atravessarem sem utilizar a passadeira.