25 de abril de 1974

Entrevista a Fernando Galrito

Realizado por: Filipa Cavaco

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Imagem retirada de Agenda Cultural de Lisboa

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O Fernando tinha 13 anos quando foi o 25 de abril de 1974.

Ele vivia numa pequena vila, Samora Correia, no concelho de Benavente, distrito de Santarém.
Nessa vila havia alguma liberdade educativa, cultural e criativa. Apesar da injustiça social em que se vivia, na Biblioteca da vila todos, pobres e ricos, tinham acesso ao mesmo e ao mesmo tempo. Mas fora da biblioteca nem sempre era assim. Uns tinham tudo e outros muito pouco ou nada! Isso era muito triste.

Mas atenção! Só depois do dia 25 de abril de 1974 é que o Fernando percebeu que as pessoas que organizavam as atividades culturais e educativas na vila tinham a sua liberdade condicionada, não podendo dizer e fazer tudo o que queriam.

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Às quintas feiras, na sociedade Filarmónica da vila, havia sempre palestras e a maioria das vezes a sala estava muito cheia, com pessoas nas escadas...

Mas alguns tipos de encontros, como os políticos, esses eram mesmo proibidos, especialmente se fossem de pessoas que tinham ideias diferentes das do regime.

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Quando se enviavam cartas, por exemplo, estas podiam ser abertas pela PIDE para verem o que estava lá escrito. Se achassem que era ofensivo para o regime, essa pessoa podia ser chamada à polícia ou ser mesmo presa.

O Fernando sabia que alguns livros, canções ou peças de teatro eram escritas com muito cuidado. Às vezes diziam uma coisas no texto, mas queriam dizer outras no entendimento dos amigos que as liam, ou das pessoas que as ouviam. Era o que chama, escrever nas "entre linhas". 

No dia 25 de abril de 1974 o Fernando estava na escola, no 8º ano. De repente, as aulas pararam! O seu professor, que era uma pessoa muito reservada, começou aos pulos e a falar de LIBERDADE!

Depois, na rádio e na televisão ele começou a perceber o que se estava a passar.

O Fernando sabia que havia pessoas presas, mas não sabia que estavam presas “apenas” porque tinham ideias diferentes de quem governava. O Salazar não queria que ninguém pensasse diferente dele, e então pessoas, algumas comunistas, outras ideias diferentes e que não gostavam da forma como o país era governado e queriam manifestar a sua opinião, foram presas por isso e alguns torturados.

O Fernando ficou contente com o 25 de abril de 1974. Primeiro porque trouxe a liberdade de todos podermos pensar e expressar a nossa opinião e depois, por isso, quem estava preso por ter ideias diferentes foi libertado.

Pouco a pouco as pessoas começaram a viver melhor, a ter acesso a mais e melhores e diferentes coisas tanto ao nível do saber, do aprender, do viajar, do pensar e do expressar.

Fotografia retirada do site da Câmara Municipal de Benavente

A primeira manifestação a que o Fernando foi, foi no 1º de maio de 1974, na vila onde vivia. Foi um dia bonito e ele lembra-se muito bem: um senhor que ele conhecia bem por causa da biblioteca, no final, subiu a um banco da praça, em frente ao palácio da companhia e gritou: VIVA A LIBERDADE!
Depois fez um discurso e cantámos o hino nacional. E foi bonito de ver todas as pessoas lá juntas, camponeses, operários, professores, todos juntos pela Liberdade...

O Fernando lembra-se especialmente dos três ou quatro anos depois do 25 de Abril de 1974: foram muito bonitos! Nessa altura havia sempre uma enorme alegria em tudo o que se fazia, um prazer e um querer fazer, saber e dar e ajudar mais... O 25 Abril é importante por isso tudo que trouxe, abriu e deixou fazer e expressar...a Liberdade.