Trabalho elaborado no âmbito do Projeto Maneiras de Sever. 

Lendas à Maneira de Sever.

Parchment

Conta a lenda que o sino maior da Igreja Matriz foi encontrado no Rio Vouga e levado para Viseu. 	Trata-se de um sino aparecido num determinado local e que, em letras gordas, tinha escrito: 	 "SÓ TOCARÁ NA TORRE DE SANTA MARIA DE CEVER". 	E era tal o empenho do sino em ser transportado para aquela torre, diz a lenda, que à vista dela, vá de tocar por si sem haver quem lhe fizesse guardar silêncio.

Lenda do Sino.

Lenda de Talhadas.

Atualmente, em Talhadas, existem duas pedras, entre as quais passa uma estrada. 	Reza a lenda que, outrora, era um só bloco que rolou encosta abaixo, por ocasião do terramoto, aquando da morte de Cristo, e se partiu em dois. Ficando um em frente ao outro, como se pode verificar, dando um deles mais uma volta, o que possibilitou a passagem, em tempos, da estrada Romana. 	Atualmente, olhando para eles, percebe-se a origem do nome desta terra: Talhadas ou "Pedras Talhadas" ou ainda "Irmãos Unidos".&nbsp;

Índice: Lenda de Santo António da capela de&nbsp;Sóligo,&nbsp;em Pessegueiro ----------------pp. 6 e 7 Lenda de Talhadas ---------------------------------------------------------------------------- pp. 8 e 9 Lenda das Mouras ---------------------------------------------------------------------------- pp. 10 e 11 Lenda do Sino ---------------------------------------------------------------------------------- pp. 12 e 13 O Preto da casa da fonte ------------------------------------------------------------------- pp. 14 a 17 Lenda da Cabreia e de Silva Escura ----------------------------------------------------- pp. 16 a 21 Lenda da Pedra Moura ---------------------------------------------------------------------- pp. 22 e 23 Lenda de São Mateus ------------------------------------------------------------------------ pp. 24 e 25 Lenda de Borralhal --------------------------------------------------------------------------- pp. 26 e 27 Lenda da Cabreia ------------------------------------------------------------------------------ pp. 28 e 29

Ilustração inspirada na Lenda da Pedra Moura.

Conta a lenda que, há muitos anos, viveu na Casa da Fonte, no Couto de Baixo, um preto que era empregado. A única coisa que o assustava era o vento. Quando estava vento, o patrão podia mandá-lo trabalhar que ele não ia. No&nbsp; quintal, havia uma figueira&nbsp; que era baixa. Por essa razão, apareciam os figos&nbsp; comidos. A&nbsp; dada altura, o patrão mandou&nbsp; o preto guardar a figueira, durante a noite. Nessa noite, ele&nbsp; viu que quem comia os figos era um lobo. Mais tarde, apareceu em casa com um lobo preso pela língua.&nbsp; 	Tempos mais tarde, as pessoas da Casa da Fonte foram trabalhar para uns terrenos perto do poço do Pego Negro, que fica junto ao rio Lordelo. Enquanto trabalhavam, caiu uma alavanca ao poço e ninguém a quis ir buscar, pois o poço era fundo e tinha má fama. O preto disse que a ia buscar. 	Dito isto, prendeu uma corda à cinta e desceu, dizendo aos outros trabalhadores para ficarem a segurar na ponta da corda e que quando encontrasse a alavanca dava um esticão na corda para eles o puxarem para cima. Quando ele deu o esticão, as pessoas não estavam prevenidas e deixaram a corda ir ao fundo.

O Preto da casa da fonte.

Conta a lenda que nos terrenos perto da Cabreia, em tempos de antanho, existia um acampamento de mouros, que exploravam as minas do Braçal.&nbsp; 	As lindas mouras solteiras, que viviam nessa&nbsp;comunidade,&nbsp;apaixonaram-se pelos rapazes da aldeia vizinha, que eram cristãos. Mas a comunidade moura não permitia esse namoro e, assim, as "mourinhas"&nbsp; ficaram&nbsp;tristes&nbsp;por não poderem estar com os seus amados. 	Então, numa noite de lua cheia, essas mouras combinaram com os jovens cristãos encontrarem-se no rio, onde as águas são brancas e mais espuma fazem... e a beleza é fora do vulgar. Deviam encontrar-se num lugar encantado...&nbsp; 	Durante uma noite de lua cheia muito límpida, os jovens percorreram todo o rio, do Braçal para a nascente. Quase desanimados... eis que junto à Cabreia, as águas da Cascata se transformaram nas suas belas mouras jovens e sorridentes... dançando para os seus apaixonados.

A lenda da Cabreia e de Silva Escura.

Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória. 																	 José Saramago

Ilustração inspirada na Lenda de Borralhal.

São Mateus era um cobrador de impostos e toda a gente o detestava. Mas, como fazia milagres, acabaram por o adorar.&nbsp;Era o santo que curava os cravos, mas que, em troca, exigia que lhe dessem um ou mais tamancos de milho roubado.&nbsp;Assim, gerou-se o costume de cumprir promessas, oferecendo tamancos de milho roubado, como ainda acontece no lugar da Gândara (Pessegueiro do Vouga) e no lugar de Paçô de Senhorinha (Sever do Vouga).&nbsp; 	Ainda hoje, existem muitas pessoas que fazem promessas a este santo e levam tamancos cheios de milho, ao longo de todo o ano.&nbsp;

A lenda de Santo António da capela de Sóligo, em Pessegueiro.

A lenda conta que, estando os franceses de Napoleão perto da freguesia de Pessegueiro, enquanto decorria uma batalha na freguesia de Macinhata, a poucos quilómetros, as pessoas da freguesia, muito devotas ao Santo António, pediram que as protegesse, porque havia muitas razões para temer os franceses que já haviam cometido as maiores atrocidades e crimes, provocando o terror por onde passavam. O santo muito se esforçou para que os franceses lá não chegassem, tanto, que a sua imagem começou a transpirar. O certo é que os franceses desviaram a sua rota, não passando pela freguesia de Pessegueiro. &nbsp; 	A imagem em madeira, ainda se encontra na capela, para quem queira ver. &nbsp;

Os trabalhos aqui apresentados resultam da cooperação interdisciplinar, no âmbito dos Domínios de Autonomia Curricular (DAC) - Minha terra, meu mundo, nas turmas do 5.º ano. Este projeto decorre da parceria com a Fundação Mão Amiga - Projeto Maneiras de Se(ver) –, desde a sua primeira edição.&nbsp; 	No sentido de promover a curiosidade intelectual, o conhecimento científico, o espírito crítico e interventivo, a criatividade e o trabalho colaborativo, os alunos, este ano letivo, pesquisaram informação e/ou fizeram pequenas entrevistas para saber mais sobre o seu património local, nomeadamente sobre lendas da região.&nbsp; 	Neste projeto, que visa a valorização do património oral, a sua compreensão, interpretação, reconto e ilustração, estiveram envolvidas as disciplinas de Português, Inglês, HGP, Educação Visual e Educação Tecnológica.

Segundo os antigos, os Mouros fixaram-se no Cabeço das Mouras e aí tinham uma entrada subterrânea que ia do Castêlo até&nbsp; ao Rio Vouga, por onde&nbsp; iam com os cavalos beber água. 	Terá sido um homem que, ao ir tomar banho ao rio, no poço de&nbsp;Peiges, descobriu essa estrada e decidiu entrar.&nbsp;A certa altura, já conseguia ouvir os galos cantar em Cedrim.&nbsp; 	De facto, era convicção de muita gente que os Mouros habitavam o Castelo e tinham passagens subterrâneas até à beira do Rio, no local indicado por uma fonte chamada Fonte das Mouras.&nbsp;

Lenda das Mouras.

Exposição das ilustrações das lendas.  

Uma terra foi achada e habitada durante muitos anos. Os lobos começaram&nbsp;a atacar as ovelhas, as cabras e os porcos. Os habitantes&nbsp;fartaram-se dos ataques, pois estavam a ficar sem gado. Então,&nbsp;juntaram-se para fazer uma cerca, mas o que não esperavam era que, um dia, durante a noite,&nbsp;esta pegasse fogo. De manhã, os moradores perceberam que nenhum animal tinha sobrevivido. 	O fogo manteve-se durante muitos dias, ou seja, aquela zona ficou uma borralheira. E é,&nbsp;por isso, que o&nbsp;&nbsp;Borralhal&nbsp;se chama&nbsp;Borralhal.&nbsp;

LENDAS À MANEIRA DE SEVER.

De repente, todas as belas mouras desapareceram na bacia da Cascata, aparecendo, por vezes, as suas fisionomias nas águas e ouvindo-se, em noites da lua cheia, os choros melancólicos dessas donzelas.&nbsp; 	Os jovens cristãos desiludidos por terem perdido os seus amores e não poderem ser felizes ao seu lado, vestiram-se de preto para o resto da vida e, assim, toda a aldeia ficou vestida de negro, passando a ser a freguesia de SILVA ESCURA.&nbsp; 	Por isso se diz que a Cabreia, com toda a sua beleza, transforma "qualquer cristão".&nbsp;

A lenda da Cabreia e de Silva Escura: cont..

Ilustração inspirada na Lenda de Paçô.

Ilustração inspirada na Lenda de Sever.

Andava no lugar de Senhorinha, Sever do Vouga, um jovem a apanhar pinhas. Estando já farto da jorna, subiu a um pinheiro de onde avistava uma grande área.&nbsp; 	E eis que no silêncio das árvores e das matas, avistou qualquer coisa desconhecida, que lhe causou grande estranheza.&nbsp; 	É que vinha, monte acima, um homem que carregava às cavalitas uma mulher que, pelo aspeto, parecia moura. Chegando a certo local, bem perto da árvore onde se encontrava escondido o mancebo, o desconhecido colocou a mulher em cima de uns penedos, entre suores e resmungos silenciosos e disse-lhe:&nbsp; 	 - Pois aqui hás de ficar, ó moura, até que nasçam, cresçam e produzam sementes as beldroegas!&nbsp; 	E de imediato, a moura se transformou em pedra e o homem seguiu caminho, afastando-se.&nbsp; Desceu o rapaz do pinheiro, aproximou-se da fraga e verificou que não havia sinal do acontecido. Na sua cabeça ressoava a frase do estranho, quase como prova da veracidade do caso. E ela nada sabia das beldroegas!&nbsp; 	Cheio de curiosidade, informou-se e lá conseguiu umas sementes. Depositou-as com cuidado na pedra moura, tapou-as com boa terra e delas nasceram, floresceram e deram sementes as plantinhas.&nbsp; 	E reapareceu a moura encantada. E o rapaz curioso casou com ela!

Lenda da Pedra Moura.

Há uma lenda que diz que os mouros deixaram cair uma grade de ouro no poço mais fundo da Cabreia, em Silva Escura. Este poço é chamado de Dorna e está próximo do pequeno monte do Crasto, onde teriam habitado os mouros. 	Consta-se que, há muitos anos, um homem, com uma junta de bois, tentou tirar a grade. Quando esta&nbsp;já&nbsp;estava&nbsp;fora da&nbsp;água, o&nbsp;homem&nbsp;gritou: 	-&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Graças&nbsp;a Deus,&nbsp;já&nbsp;estás&nbsp;cá&nbsp;fora. 	Nesse&nbsp;momento, a grade&nbsp;arrastou os&nbsp;bois&nbsp;para o&nbsp;fundo&nbsp;do&nbsp;poço.&nbsp;

O Preto da casa da fonte: cont.

Entretanto, chegou a noite e os trabalhadores foram para casa, deixando&nbsp;o pobre coitado no fundo do poço. Com a noite, veio o luar e o preto, ao ver a luz da lua refletida no fundo do poço, conseguiu subir. 	De manhã, os trabalhadores regressaram ao poço com o objetivo de verem o preto, mas para grande surpresa, ele já vinha a chegar ao lugar, com uma grade de ouro às costas e a alavanca na mão. Ao vê-lo, perguntaram-lhe o que era aquilo e ele apenas respondeu: «Esta já cá está com Deus». Ao pronunciar estas palavras, o preto e a grade de ouro recuaram novamente para o fundo do poço.&nbsp; 	Segundo a lenda, a grade de ouro ainda jaz no fundo do poço, grade essa que foi lançada pelos Mouros (que não eram Cristãos). Por esta razão é que o preto e a grade de ouro foram novamente para o fundo do poço, quando este pronunciou a palavra «Deus».

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