Contos de Abril

2º classificado

Viagem no tempo Um menino, ao passear pela mata do Buçaco, encontrou um estranho objeto parecido com uma bola gigantesca. Curioso, reparou que tinha uma alavanca e permitia a entrada. O menino entrou… estupefacto! Tantos botões, pensou. Começou a mexer… Imediatamente, algo aconteceu… Para seu espanto, ao sair, verifica que se encontra numa praça que não conhecia, mas onde havia muitos soldados, tanques de guerra e, curiosamente, muitos, muitos mesmo, cravos, flor de um vermelho tão vivo que parecia sangue. Não era! Uma cápsula do tempo levou-o numa viagem! Era 25 de abril, o início da liberdade! Pedro Barufaldi Correia EBS Serafim Leite

Gerar abril 	50 anos de ti, 50 anos de mim, não sei bem por quanto tempo será assim mas parece que ainda estou dentro de ti, mãe, no conforto das mil águas de abril. Ahhh… gestação que tão bem combina com formação e com evolução. De facto, a nossa ligação não poderá ser menor que a pátria que nos une: Mãe, Pai, Portugal… 	Coincidências, incidências, palavras ou expressões, o povo é quem mais ordena e jamais a nossa nação poderá deixar de gerar abril! Raquel Sofia Rebelo Nunes Mortágua AE João da Silva Correia

1º classificado

O primeiro de muitos &nbsp; Não seria mais um dia, seria o primeiro de muitos a clarear o cinzento, a afastar as nuvens, a deixar o sol brilhar sem medo. Seria o primeiro de muitos a libertar a liberdade, a deixar correr ao vento as palavras enjauladas. Seria o primeiro de muitos a vestir-se de cravo vermelho, a trazer esperança, paz e progresso, sem pudor. Seria o primeiro a soltar vozes, tantos anos caladas, sem sustos nem pavor. Seria em abril, o dia que prometia outros dias assim. Ana Paula Dias de Pinho Oliveira AE João da Silva Correia

O meu puzzle Não sei bem o que significa a comemoração do 25 de abril. Tenho algumas ideias que oiço por aí... Um dia resolvi fazer um puzzle: perguntei aos meus familiares para descreverem o 25 de abril numa palavra. Numa bela tarde resolvi juntar as peças... Não eram muitas, no entanto consegui encaixá-las assim: PIDE, Marcelo Caetano e Salazar nem quero imaginar! Tristeza e tortura faziam parte da ditadura. Com espingardas e cravos vermelhos fizeram uma revolução na nossa nação. Direito de expressão e felicidade serviam a liberdade. Assim consegui perceber este dia especial para o povo de Portugal. Beatriz Miguel Rebelo Nunes Mortágua EB1 Espadanal

Título: CONTOS DE ABRIL Autores: vários Contos vencedores do Concurso Literário "Contos de Abril" Constituição do júri: Celestino Pinheiro, professor de português. Isabel Pardal, coordenadora da Rede Interconcelhia de Bibliotecas Escolares do Entre Douro e Vouga. Susana Silva, diretora da Universidade Sénior de São João da Madeira. Teresa Azevedo, técnica superior da Divisão da Educação da Câmara Municipal de São João da Madeira. Victor Vidal, livreiro, Livraria Ophidia. Organização: Rede de Bibliotecas de São João da Madeira São João da Madeira | 2024

3º classificado

Liberdade &nbsp;A Liberdade é um canário fêmea, amarelo, e tem as patas cor-de-rosa. Ela era feliz, porque voava de canto para canto, de casa em casa, de ilha para ilha, de país em país... Quando, finalmente, chegou a Portugal, agarraram-na e prenderam-na numa gaiola. Bem pensavam que era para sempre, mas o que não sabiam era que a Liberdade tinha mesmo muita força. Um dia, a Liberdade deu várias bicadas na porta da gaiola e… ela rebentou. A Liberdade voava livre outra vez! Emília Pereira EB1 Carquejido

Um agradecimento especial a todos os participantes.

Foi assim &nbsp; Foi assim que ela voltou, regressada de um lugar onde há muito tempo se escondera. Pela primeira vez, em muito tempo, viu caras aliviadas, não atormentadas pelo medo. Sentiu-se afortunada por poder ver a mudança acontecer. Por poder ver aquele preciso momento em que, repentinamente, já não era a insegurança que caminhava pela rua, nem o terror a bater às portas. Não era a opressão que fazia as pessoas chorar. Era ela! Ela fazia as pessoas sentirem-se seguras, ela fazia as pessoas abrirem a porta com confiança, ela fazia as crianças rir. Foi assim que a liberdade voltou. Maria Ângela F. Ferreira EBS João da Silva Correia

Revolução dos Cravos Dirigiu-se a toda a pressa para o Rossio. Precisava indagar o que era um “golpe de estado”. Sem saber o que a expressão queria dizer, subiu a rua e dirigiu-se para o largo do Carmo. Aí o espetáculo era outro. Muitos tanques e soldados circulavam devagar nas artérias da cidade. Um soldado pediu-lhe um cigarro. Não fumava. Pediu desculpa. E ofereceu o que tinha de mais bonito para dar – os cravos que levava nas mãos e que enfeitaram as espingardas dos soldados. Sem saber, ficava para sempre na história e dera origem à imagem de marca da revolução de abril. Vitória Leonor Gonçalves Silva EBS Serafim Leite

Contemplar a Liberdade &nbsp;Estou aqui como recordação de um tempo que não podemos esquecer. Aqui parado, contemplo, sempre encantado, a beleza sem limites da liberdade daqueles que por aqui passam. É certo que não digo “Bom dia!”, ou “Como está, passou bem?” – a minha natureza não mo permite. Mas é como se dissesse. Daqui do meu posto, garanto que ninguém se esquece quanto custou a liberdade. Sobrevivo neste largo de Fundo de Vila, feliz pela minha inatividade e do meu papel representativo de um momento de viragem na vida deste povo. Gustavo Vieira Relvas EBS Serafim Leite

Abril chegou em Novembro Muitos se perguntam: “Onde estavas em Abril de 74?” – tenho a resposta mais simples e singela, estava na barriga da minha Mãe. Sou filha de Abril, em todos os sentidos que se possa imaginar. Na revolução que foi a confirmação nesse dia de uma gravidez desejada, no crescer a ouvir as histórias da Ditadura, ao saber que só tínhamos telefone por causa da condição de saúde da minha Mãe. Abril, é Liberdade, Fraternidade, Entreajuda, Expressão sem Medo, Rostos Livres. E, finalmente, em novembro, chegou a casa Abril. Mulher, Lutadora, Livre, Responsável, Cidadã. Maria Lopes AE Oliveira Júnior

Novos sinais Num amanhecer de abril, a brisa da liberdade enchia Portugal. Nas ruas lisboetas, ecoava um murmúrio de esperança… Os portugueses, cansados da opressão, aguardavam o desfecho da ditadura e os tanques que, outrora, tinham imposto medo, transportavam, agora, esperança. O ditador caíra e, de repente, o som dos tanques fora substituído pela música da liberdade. Nas praças, uma epifania de abraços e lágrimas e os soldados erguiam cravos vermelhos, enquanto as palavras "Liberdade" e "Democracia" voavam. Portugal rompia o horizonte que revelava um novo mundo, no qual a dignidade e os direitos eram mais do que meras promessas. Matilde Soares Pinho EBS Serafim Leite

Para assinalar os 50 anos do 25 de abril, a Rede de Bibliotecas de S. João da Madeira lançou o concurso literário “Contos de Abril”, com o objetivo de estimular o gosto pela escrita, desenvolvendo a imaginação, a criatividade e a literacia da informação. Destinado a alunos, a professores e a pessoal não docente da comunidade escolar de S. João da Madeira, o concurso dividia-se em cinco categorias: a) Alunos do 1.º ciclo b) Alunos do 2.º ciclo c) Alunos do 3.º ciclo d) Alunos do ensino secundário e) Adultos (docentes e não docentes) A concurso estiveram textos narrativos com um máximo de 100 palavras, sendo obrigatória a alusão ao tema da revolução de abril. Os microcontos foram avaliados com base em critérios de enquadramento temático, criatividade e originalidade, organização de ideias e correção linguística. Para divulgar os contos vencedores deste concurso criou-se este livro digital. Boas Leituras!

Desabrochar de um novo dia Era uma vez uma semente em terra húmida, nascida e criada em raiz de ditadura. Cresceu, formou-se cravo, cor de sangue derramado e da paixão descuidada. Ouvia gritos abafados, via rostos tapados, sentia o toque de mãos suadas a colher as míseras migalhas. Desabrochava em boa hora o sonho de uma livre nação, o abrir de uma porta, ver o agitar de uma rebelião. Já cantava o galo a madrugada, já marchava a terra de esperança, saía o povo à rua, era a melodia da MUDANÇA! Mariana Santos EBS Oliveira Júnior

Sinfonia da Liberdade Numa manhã de abril, as ruas murmuravam mudanças. Cravos vermelhos iam circulando entre os cidadãos, tornando-se símbolos da resistência. Nas sombras da ditadura, soldados, hesitantes, trocavam olhares cúmplices. O 25 de abril, aguardado como um hino de liberdade, viu, de forma nítida, as ruas transbordarem de clamores devido ao fim do regime autoritário. Os cravos esmagaram correntes, sofrimentos, silêncios, num gesto simbólico que ecoou a queda do sistema repressivo. Nascia, assim, uma nação livre, uma sinfonia de todos os direitos humanos restaurados das cinzas, celebrando-se a aurora de uma nova era. Leonardo Andrade Pereira EBS Serafim Leite

1º classificado

O lápis azul Havia um lápis azul que era obrigado a riscar todas as palavras que falassem de liberdade. Pertencia a um homem muito mau, mal-encarado, que o usava para fazer cruzes. E ele fazia cruzes azuis em histórias, canções, notícias… O lápis vivia triste, não gostava de riscar esses textos tão bonitos. Ele queria era pintar, fazer arte. Andava tão farto dessa vida que, um dia, decidiu fugir. Desenhou umas asas e voou pela janela aberta. Viu uma criança e foi até ela. Feliz, a criança pegou nele e, no chão, desenhou a liberdade. Ainda hoje guarda esse lápis! Lívia da Costa Carvalho EB1 Fontainhas

Nós, as palavras proibidas &nbsp;	- Sou a Liberdade, um sentimento inexplicável. &nbsp;Talvez, para aqueles que sempre me tiveram, eu não seja significativa. Porém, para quem teve de me conquistar, sou um tesouro de imenso valor. Durante uma época, nunca pude ser pronunciada! 	- Nós, a Igualdade e a Democracia, também tivemos o mesmo problema. De cada vez que éramos soltas, alguém era punido! 	- A Revolução do 25 de Abril foi oportuna para nós, pois, finalmente, pudemos ser pronunciadas, mas, sobretudo, ajudou os nossos conquistadores, fazendo-os viver livremente, expressando as suas próprias opiniões, sem medo. Beatriz Bastos Peixoto EBS João da Silva Correia

A Mudança Porto, 26 de outubro de 1973. Duas bombas rebentaram, uma no quartel onde Silva assentava praça. Era o prenúncio da mudança. Meses depois, na manhã do 25 de abril, o jovem soldado dormia em casa quando foi acordado pela mãe, regressada à pressa do mercado com uma notícia urgente: começara a revolução. Sem hesitar, acorreu ao quartel, onde pairava incerteza. “Aderes ou não aderes”, interrogaram-no. Com determinação, respondeu afirmativamente. Num instante, militares e povo uniram-se. Passaram-se décadas, mas as memórias daqueles dias perduram, como testemunhas duma época onde as vozes foram libertadas e os sonhos despertaram. João Silva Oliveira EBS São João da Madeira

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