Vivendo um conto de horror

Purple polka dot border

Juliana é uma das crianças que mora na rua. Uma menina muito medrosa e sempre quando volta da escola precisa passar em frente ao casarão. Seu coração dispara, a boca fica seca e as mãos geladas e, quando do nada, um dos gatos atravessa a rua correndo, o que quase sempre acontece, seu coração quase sai pela boca.

Half tone green

1º edição - abril de 2015 novembro de 2021.

Flash yellow

Half tone purple

Quando as crianças se reuniam, costumavam conversar sobre quem seria a moradora ou morador misterioso. A imaginação ia longe: cada um pensava em seu pior pesadelo. E, por fim, todos saiam correndo e assustados para suas casas.

Em um lugar não muito distante, havia uma longa rua com árvores nas calçadas e poucas casas com grandes quintais e, uma delas era uma casa muito estranha. Sem dúvida havia alguém que morava lá, mas nunca ninguém a viu. Todos na vizinhança sabiam que morava alguém na casa, pois ouviam barulhos estranhos, portas e janelas batendo e as vezes até gritos.

O lugar era sinistro, uma casa muito velha e de cor escura. As janelas eram todas quebradas e tinham tábuas pregadas para que ninguém invadisse. Enfim as crianças da rua ficavam arrepiadas quando passavam por ali, tentavam não olhar para o quintal, com suas quatro árvores grandes, sendo uma delas, a que ficava bem em frente a casa, tão velha que nem produzia mais folhas e flores. Era uma enorme árvore seca que abrigava, todas as noites, pássaros que arrolhavam durante toda a madrugada.

Juliana ficou paralisada por alguns instantes. Mas, não podia deixar seu amigo correr perigo. Seus dentes batiam forte fazendo barulho, as pernas tremiam muito, mas mesmo assim decidiu entrar! ...Pobre Juliana! entrou na casa e descobriu de uma forma tão assustadora quem vivia ali!

Flash black

Science border

Quando Juliana se deu conta já havia passado das sete horas da noite. Pensou que a mãe deveria estar muito brava e pensou também que teria que passar bem em frente ao casarão. Pior, lembrou que era sexta-feira e o tempo estava feio lá fora. Era uma noite fria, com muito vento e as folhas secas faziam festa soltas no ar. Não tinha jeito, precisava sair logo e Lulu era uma ótima companhia, cachorro valente que não tinha medo de nada, despediu-se da prima e pós-se a caminho de casa.

Em um certo dia, Juliana esqueceu-se da hora e ficou até mais tarde na casa da prima, que fica em outra rua. Ela estava com seu cachorrinho Lulu, presente que ganhou do padrasto em seu último aniversário e desde então tornaram-se amigos inseparáveis.

Quando virou a esquina viu que a rua estava deserta, devido ao mau tempo. Quis voltar para a casa da prima, mas arrumou coragem e continuou andando. Podia ouvir os seus próprios passos e o coração batendo. Tentava andar depressa, mas as pernas não obedeciam. Quando, enfim, estava bem em frente ao casarão, um daqueles gatos passou em disparada e entrou na casa. Lulu ficou enlouquecido, pulou do colo de juliana e sumiu na noite escura, perseguindo o bichano. A menina não pensou em nada e, quando percebeu, já havia passado o portão e, em sua frente dois terríveis olhos arredondados a fitavam..., era uma coruja pousada na árvore.

Quando aproximou-se, sentiu novamente um arrepio que lhe corria do pé a cabeça, a boca voltou a secar, as mãos ficaram geladas, porque na foto estava ela..., a Mariana, o José e todos os outros colegas de classe. Mesmo apavorada com a ideia de que, quem morasse ali a conhecia e sabia onde estudava, não pode deixar de reparar, que a Laura ficou horrível na foto. Logo o medo voltou e ela sussurrou baixinho: "o monstro me conhece! Tô perdida!" Neste momento ouviu-se um ranger de porta abrindo e alguém aproximando-se, chamou-a pelo nome. A menina, pálida, quase sem forças, engoliu seco e conseguiu virar-se para ver o que era.

Neste instante a professora Rita perguntou o que ela estava fazendo ali, em sua casa. Ufa! Quando, enfim, a menina conseguiu se acalmar, dona Rita contou-lhe tudo, aquela casa pertenceu aos seus avós e ela mudou-se com a intenção de morar mais perto da escola. Falou também da necessidade de reformar, mas que infelizmente o dinheiro estava curto. Depois de tudo esclarecido, juliana pegou o cachorrinho e saiu em direção a sua casa. E, no caminho...de novo o arrepio, a boca seca, as mãos geladas! Um terrível pensamento lhe ocorreu: Ter a professora morando ali, tão perto e podendo falar com a mãe todos os dias sobre as suas travessuras na escola, isso sim era aterrorizante!

Juliana respirou um pouco mais aliviada quando percebeu que a casa, por dentro, não era tão ruim, como imaginava. Pelo contrário, era bem limpa, com móveis antigos bem conservados e tinha até um belo porta retrato sobre a escrivaninha, que lhe chamou a atenção.

Assim que entrou na casa, a menina caminhou um pouco pelo escuro.Tropeçou em alguma coisa e, sem querer bateu a mão no interruptor. Imediatamente, tampou os olhos para não ver o que não queria ver. Mas, sabia que teria que enfrentar, então , lentamente foi afastando os dedos e deixando a luz desbravar o ambiente.

Está casa, durante muitos anos, ficou vazia. Mas, há alguns meses atrás um herdeiro da família veio morar ali. A mudança foi feita durante a noite e o novo morador trouxe apenas os seus cinco gatos que miavam um miado fino e assustador que podiam ser ouvidos à distancia. Essa pessoa costumava sair muito cedo, antes do nascer do sol e, retornava apenas ao cair da noite.