Poesia Reinventada, by 9.º D

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Quero ter asas, Para te espreitar da janela. És para mim como um sonho, Temos amor no meio de nós. Mas tudo se passava numa outra vida. Ele para mim já não servia. Ideia tão parva nunca tive, Não preciso chorar arrependida. Eu, porém, já não sou eu Até que na estrada fique perdida...

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Tu, só tu, puro amor, com força crua Que os corações humanos tanto obrigas Que és fogo que arde sem se ver E ferida que dói e não se sente Que me levas um coração que livre tinha Que aos deuses fazes descer ao vil terreno E aos humanos subir ao céu sereno Cai o silêncio nos ombros E a luz impura até doer É urgente o amor É urgente permanecer!

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O meu barco no mar, no meu aconchego pronto para o largar&nbsp; me encantando com o bravo mar. O&nbsp; sol da inspiração para que me levante&nbsp; que admiro de longe a sua grandeza. No entanto, a noite chega fortemente&nbsp; acompanhada por uma pequena luz que com a sua grande braveza&nbsp; ilumina dentro de minh’alma.

A distância do meu aconchego já me aperta e agora só me falta brilhar. Já no largo oceano navego, vejo pelas praias vestidos os soldados&nbsp; Choro toda a noite, seco as lágrimas de manhã, observo os mares nunca navegados, o negro mar de longe brada e agora no meu coração descansa.&nbsp;

Começar, recomeçar, interminamente repetir um monótono romance, Tão triste como a vida.&nbsp; Chegava o mês de maio e era tudo florido e era só ouvir o sonhador falar do amor, como se tivesse acontecido. Ano novo sem comparação com todo o tempo já vivido. Mas quem virá? E por onde? Ela está na varanda. Será que ela não vê a ferida que eu tenho na garganta? Eu já não sou eu&nbsp; E nem minha já é a minha casa.

Uma vida a amanhecer e também uma alegria, a pulsar no coração, És meu irmão, amigo, és meu irmão! Vi claramente nos olhos, nos braços, nas mãos acesas, uma coragem serena, saudade, que se partisses me alagaria de pena, gaivota da liberdade, a pulsar no coração, És meu irmão, amigo, és meu irmão!

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No plaino abandonado Floriram por engano as rosas bravas Castelos doidos! Tão cedo caístes! ... E é tão lento o teu soar, Vibrante do céu aberto, Dolente na tarde calma Que já a primeira pancada Soa dentro da minha alma Sinto a saudade mais perto Sinto mais longe o passado.

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Ó sino da minha aldeia! Aonde a noite é mais forte, Só o ruído da noite sobrevive. Silenciosa não crepita, no meio onde vive. Dolente na tarde calma, é tão lento o teu soar. Ó sino da minha aldeia! Que está sempre a balouçar, Começar, recomeçar, interminamente repetir, o que já ninguém quer ouvir. Se te descobri, não te vou negar. Ó sino da minha aldeia! Saudades tenho mil e sem par. &nbsp;

Fomos desafiados pela professora Dulce Santos a reinventar poemas. Abrimos as páginas do nosso manual, escolhemos diferentes versos dos textos poéticos nele contidos e eis o resultado!

As palavras mais simples, mais comuns,&nbsp; As de trazer por casa e dar de troco,&nbsp; Em língua doutro mundo se convertem:&nbsp; Basta que, de sol, os olhos do poeta,&nbsp; Rasando, as iluminem.&nbsp;

José Saramago, in "Os poemas possíveis",&nbsp;3ª ed., Lisboa: Editorial Caminho, 1981.

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Vá, lancem-me no mar, Quero ter asas para espreitar da janela. &nbsp; Novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota. Não precisa fazer lista de boas intenções, Justiça entre os homens e as nações. Liberdade com cheiro e direitos respeitados. Tente, experimente, consciente, É dentro de você! &nbsp; Se aquelas nuvens no horizonte chegassem até mim …

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Começar, recomeçar, interminamente a sentir A morna brisa que aquece e me faz esquecer, O sopro azedo dos que não a querem sentir, Sonhando com a possibilidade de vê-las florescer. No verão: veio o calor que as fez enfraquecer E é tão rápido o seu desfalecer, Que num céu aberto Sinto a saudade mais perto. Brilhavam, incertas, mas brilhavam Aqui no meio de nós, Nos meus olhos tristes perscrutaram Túlipas. Arte. Vida. Quem as esparze -quanta flor! -pelo jardim, Entre nós, colocando fim à solidão.

No plaino abandonado Onde a morna brisa aquece Sinto a saudade mais perto No vibrante céu aberto. Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos Cai a neve Surda, em triunfo, pétalas, de neve Tu ensinas-me tu ensinuas-me a arte da verdade a pobreza. E o labirinto de sombras enterrado sobre nós arrefece. &nbsp;

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Sinto mais longe o passado. A cada pancada tua.&nbsp; Que soa dentro da minha alma.&nbsp; Na minha alma há um baloiço&nbsp; Bem difícil de montar.&nbsp; Na casa dos meus pais, disposto a viajar.&nbsp; E tudo era possível era só querer, Era só ouvir o sonhador falar.&nbsp; “Que volte cedo e bem”. Baloiçar até que vive.&nbsp; Tal ideia nunca tive!

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Tira-me as forças O sol da inspiração que acendo e que levanto. Por mais que nos doa a vida, Mostra a possante nau, que move espanto, Alto poder, que só com o pensamento De teus anos colhendo doce fruto, De chorar tanto tenho dores nos rins, Da natureza e do húmido elemento Em pedaços a fazem cum ruído Que o Mundo pareceu ser destruído! &nbsp;

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Na minh'alma há um balouço, De braços estendido E um menino de bibe Sobre ele sempre a brincar. Tão jovem! Que jovem era! Na minha juventude antes de ter saído, Chegava o mês de maio era tuto florido. E tudo se passava numa outra vida E havia para as coisas sempre uma saída, Só sei que tinha o poder de uma criança.

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