PRÁTICAS DE FLEXIBILIDADE CURRICULAR EM DIÁLOGO IV

Editor

Universidade do Minho. Instituto de Educação. Centro de Investigação em Estudos da Criança

ISBN

978-972-8952-84-6

Copyright ©2023 pelo Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC). Instituto de Educação, Universidade do Minho
Todos os direitos reservados.
Portugal
www.ciec-uminho.org

Este trabalho foi financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto do CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho) com a referência UIDB/00317/2020.

Com o apoio:

Centro de Formação Francisco de Holanda
Escola Secundária Francisco de Holanda
Alameda Dr. Alfredo Pimenta
4814-528 Guimarães
cfaecffh@gmail.com
www.cffh.pt

FICHA TÉCNICA

Organização

Pintura e composição da capa

Salgado Almeida

Isabel Viana
Lucinda Palhares
Francisco Assis
Carla Cardoso

Maquetagem

Carla Cardoso e Francisco Assis

Propriedade e edição

Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho
http://www.ciec-uminho.org/index_pt.html

ISBN

978-972-8952-84-6

Autores

Cristina Palma
Isabel Viana, Lucinda Palhares, Francisco Assis e Carla Cardoso
Paula Gomes
Matheus Fernandes Corsete e Maria Teresa Sousa Ferreira Lima de Freitas
Ilda Oliveira
Lígia Monteiro e Helena Cardoso
Fernando Orfão, Nuno Pereira, Gonçalo Freitas, Andreia Pedrosa e Isabel Moreira
Manuela Gomes e Renato Silva
Manuela Paredes
Armanda Gomes
Pedro Castro e Américo Costa
Benjamim Sampaio, Carla Rocha e Celso Soares
Agostinho Ferreira e Viana Paredes
Rui Barreiro
Carina Marques
Vitor Laranjo
Isabel Simões
Avelino Bastos, Benjamim Sampaio, Carla Sanfins, Helena Freitas, Liliana Martins e Sílvia Santos
Magali Miranda
Eulália N. S. Rocha

Todos os textos que integram esta obra são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, respeitando a opção dos autores.
Todas as imagens, esquemas, fotografias e vídeos estão identificados com o Agrupamento de Escolas (AE) a quem pertencem e cumprem a legislação em vigor.

Índice

Prefácio, Cristina Palma (Direção Geral da Educação)

Apresentação, Isabel Viana (CIEC/UMinho), Lucinda Palhares (Diretora do CFFH), Francisco Assis (Representante AFC/CFFH), Carla Cardoso (Embaixadora Digital/CFFH)

Práticas de flexibilidade curricular na era do digital: construir bem-estar comum, Isabel Viana (CIEC/UMinho), Lucinda Palhares (Diretora do CFFH), Francisco Assis (Representante AFC/CFFH), Carla Cardoso (Embaixadora Digital/CFFH)

Aventuras de uma professora por terras belgas, Paula Gomes (Escola Europeia de Bruxelas II)

Bullying – Compreender para prevenir | Projeto AEPAS Sem Bullying, Matheus Fernandes Corsete, Maria Teresa Sousa Ferreira Lima de Freitas (AE Professor Abel Salazar)

Oficina de Leitura e de Escrita, Ilda Oliveira (AE Francisco de Holanda)

Leitura em família, Lígia Monteiro e Helena Cardoso, (AE Briteiros)

Projeto Ciência Viva: A promoção universal do ensino experimental, Fernando Orfão, Nuno Pereira, Gonçalo Freitas, Andreia Pedrosa e Isabel Moreira (AE Prof. Carlos Teixeira)

Boa Prática: Projeto AB+, Manuela Gomes e Renato Silva (AE Fafe)

Projetos eTwinning e a Biblioteca Escolar, Manuela Paredes (AE Francisco de Holanda)

Índice

Comportamentos de Risco Online: novos desafios para os profissionais de educação, Armanda Gomes (AE D. Afonso Henriques)

Impacto do plano de transição digital no AE Santos
Simões, Benjamim Sampaio, Carla Rocha e Celso Soares (AE Santos Simões)

A Utilização dos Manuais Digitais (PPMD): Avanços e Desafios, Pedro Castro e Américo Costa (ES Caldas das Taipas)

Um museu é sempre um espaço de memória, Agostinho Ferreira e Viana Paredes (AE Francisco de Holanda)

Ciências da Computação para alunos do 2º ciclo, Rui Barreiro (AE Fafe)

O digital invadiu-nos! Que mudanças para alunos, famílias e escolas?, Carina Marques (AE Pevidém)

A transversalidade da cidadania digital na estratégia de educação para a cidadania na escola: Uma abordagem teórico reflexiva, Victor Laranjo (AE Taipas)

Olhar à volta, com um novo olhar, Isabel Simões (AE Arqueólogo Mário Cardoso)

A Aprendizagem dos Alunos como Finalidade dos Processos Pedagógicos, Avelino Bastos, Benjamim Sampaio, Carla Sanfins, Helena Freitas, Liliana Martins e Sílvia Santos (AE Santos Simões)

A criação de um SPA Escolar, Magali Miranda (AE Arquiteto Fernando Távora)

Construindo uma escola, para todos e cada um, dos nossos alunos, Eulália N. S. Rocha (AE Montelongo)

Prefácio

Cristina Palma
Acompanhamento e Monitorização de Desenvolvimento Curricular - Direção Geral da Educação

Flexibilidade curricular, inovação e um problema de visão

Na mitologia grega, Cedálion, um simples servo, serviu de guia ao gigante Oríon na sua busca pelos raios de sol, para a cura da sua cegueira. Encontrando-se nos ombros do gigante, este “anão” garantia-lhe a visão de que não possuía, conseguindo ver mais do que o colosso alguma vez poderia ver. Esta cumplicidade entre Oríon e Cedálion adequa-se à atual noção de Educação, baseada no desafio de perspetivar o processo de ensino-aprendizagem sob uma outra ótica, a da inovação. De facto, o gigante, ao qual não se pode deixar de reconhecer as conquistas efetuadas, desde a redução da taxa de abandono escolar precoce ao alargamento da escolaridade obrigatória, não conseguiu dar uma resposta efetiva aos problemas de inclusão associados às taxas de retenção e ao insucesso em contextos sociais desfavorecidos. Por vezes é necessário ver de outra forma para resolver questões persistentes, como é o caso de todos os alunos que, apesar das medidas aplicadas, ainda não lhes foi possível alcançar o objetivo desejado.

Na verdade, a exigência e a pressão exercidas por uma sociedade em crescente evolução global, com consequências ainda imprevisíveis, induzem a uma conceptualização da Educação como um mundo novo, construído a partir da imensidade de Oríon. Assim surge a flexibilidade curricular, como um anão que ousa, nos ombros do gigante, ver mais além, apresentando um novo paradigma educativo para responder à necessidade da efetivação de um ambiente inclusivo com sucesso de qualidade para todos os alunos. Esta medida estratégica visa assegurar o cumprimento da escolaridade obrigatória em pleno, com aprendizagens realmente significativas e com o desenvolvimento de competências cada vez mais complexas, através da conceptualização curricular desenhada pelo Decreto-Lei n.º 55/2018. O referido normativo prevê a promoção, o aprofundamento, o reforço e o enriquecimento do currículo, através do trabalho interdisciplinar e de uma melhor gestão curricular para cumprir o previsto no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Assim procura garantir não só o princípio da inclusão extensivo às premências de todos os discentes, mas também o princípio da contextualização da flexibilidade a cada indivíduo, a cada unidade orgânica e a cada comunidade educativa. Desta forma, pretende-se oferecer a todos os alunos a oportunidade do exercício de uma cidadania ativa e informada ao longo da vida, tornando-se cada discente um questionador da realidade, para integrar, nessa ação, conhecimentos de áreas diversas, comunicando com eficiência e resolvendo desafios multifacetados.

Para a edificação desta visão de Educação, que procura responder às necessidades (ainda não acolhidas) de aprendizagem de todos e cada um, o Decreto-Lei n.º 55/2018 também pode ser entendido como o desejo de inovar no processo de desenvolvimento curricular. Não sendo por si só um objetivo, a inovação apresenta-se como uma ferramenta para que se possam atingir fins ambiciosos, que vão para além do campo de visão do gigante. Neste sentido, espera-se o desenvolvimento de competências de nível elevado numa perspetiva interdisciplinar, por meio da diversificação metodológica, de recursos pedagógicos e da integração curricular. Para este propósito, é fulcral pensar em estratégias diferentes e customizadas para a otimização das aprendizagens. Com a criação, na escola, de estruturas de reflexão e de construção de conhecimento e com o amadurecimento de competências que acompanham a aceleração das mudanças no mundo, os alunos poderão acompanhar criticamente a dinâmica de mudança neste mundo complexo e interligado, alcançando desta forma o sucesso educativo de qualidade para todos. É de salientar que este desiderato apenas se revela pertinente caso acarrete intencionalidade, adaptação, análise de contexto e colaboração, aspetos que caracterizam as motivações do anão nos ombros do gigante.