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Miguel Torga

by Paula Freitas

Pages 4 and 5 of 14

Bem-vindos ao mundo do escritor Miguel Torga.
Speech Bubble
Quem é este homem?
Que mensagens nos deixou nas suas obras?
Porque o queremos conhecer?
Miguel Torga é pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha.
Vê, no vídeo, as razões pelas quais escolheu o seu pseudónimo.
Prepara a declamação deste poema de Miguel Torga, "No meu jardim".
As suas raízes transmontanas estão patentes nas suas obras, nomeadamente na ligação à terra, aos animais, à vida que brota todos os dias.
Comic Panel 1
Uma das suas obras mais conhecidas chama-se Bichos. Vais conhecer, este ano, um dos contos desta obra, com o nome "Miura".
Antes disso, observa o vídeo sobre os contos de Bichos.
Tendo animais como personagens, perceberás a sociedade de então (e de hoje), pela visão de Torga.
Comic Panel 2
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O texto (com supressões) que vais ler na página a seguir tem palavras e expressões destacadas que te ajudarão, desde já, a focares-te em momentos que são essenciais para compreenderes o conto integral que vamos ler na aula. Prepara-te para um debate com os teus colegas. 🙋‍♂️🙋‍♀️
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Miguel Torga “Miura”
(com supressões)

(...) Um ser livre e natural, um ________? nado e criado na lezíria ribatejana, de gaiola como um passarinho, condenado a divertir a multidão! (...)
Os homens, só assim: ou montados em cavalos velozes e defendidos por arame farpado, ou com sebes de cimento armado entre eles e a razão dos mais...
Palmas e música lá fora. (...)
Refrescou as ventas com a língua húmida e tentou regressar ao paraíso perdido.
A planície...
O senhor homem sabia bem quando e como as fazia. Mas por que razão o espetava daquela maneira?
(...) Nova picada no lombo. (...)
Urinou sem querer.
Gritos da multidão. (...)
Com ar de quem joga a vida, o manequim de lantejoulas caminhava sempre. (...)
A multidão dava palmas. (...)
À suprema humilhação de estar ali, juntava-se o escárnio de andar a marrar em sombras. (...) Que a sua raiva atingisse ao menos o alvo. (...)
Esperou. O homem ia desafiá-lo certamente outra vez. (...)
De novo, porém, a nuvem vermelha apareceu. E de novo Miura gastou nela a explosão da sua dor.
Palmas, gritos. (...)
Não trouxesse ele o pano mágico, e veríamos!
Não trazia. E, por isso, quando se encontraram e o outro lhe pregou no cachaço, fundas, dolorosas, as duas farpas que erguia nas mãos, tinha-lhe o corno direito enterrado na fundura da barriga mole. (...)
Protestos da assistência. (...)
Parou. Mas não acabaria aquele martírio? Não haveria remédio para semelhante mortificação? (...)
Quando? Quando chegaria o fim de semelhante tormento? (...)
Quê?! Pois poderia morrer ali, no próprio sítio da sua humilhação?! Os homens tinham dessas generosidades?!
Calada, a lâmina oferecia-se inteira.
Calmamente, num domínio perfeito de si, Miura fitou-a bem. Depois, numa arremetida que parecia ainda de luta e era de submissão, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.
Miguel Torga, Bichos

Ler mais: https://portugues7.webnode.pt/news/miguel-torga-miura-/
Questionário sobre o excerto apresentado.
Escuta, seguindo pelo manual, o conto integral.
Este touro pode ser Miura...
Observa o vídeo e reflete. Apresentarás à turma a TUA posição relativamente ao que vais ver. (As imagens podem ferir a suscetibilidade dos leitores mais sensíveis.)
A canção que vais escutar tem uma letra que foi claramente entendida em Portugal como uma metáfora/alegoria em que se comparava a tourada ao decrépito regime ditatorial do Estado Novo. É uma crítica à sociedade portuguesa daquele tempo, ao snobismo e hipocrisia da sociedade, às contradições nela existente e aos lucros de alguns.
Foi cantada por Fernando Tordo, com letra de Ary dos Santos, no Festival Eurovisão de 1973, um ano antes da revolução de 25 de abril de 74.

Não se soube como é que a censura vigente na época não conseguiu entender a mensagem transmitida pela letra, que era uma crítica/sátira mordaz ao regime de Salazar. Parecendo um hino às touradas era afinal um grito de Liberdade!

Escuta, atentamente, esta versão de "A naifa". Há mensagens camufladas nas letras das músicas, que eram a única forma de escapar à censura do tempo da Ditadura.
Para melhor compreenderes o conto estudado.
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