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A Menina dos Cravos

by Biblioteca eb23 Valadares

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A Menina dos Cravos
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Mariana Fernandes
6.ºM
Chamo-me Joana, vivo em Lisboa, tenho doze anos, e conhecem-me na escola por ter o número mais elevado de faltas alguma vez visto na minha escola. Eu tenho dois irmãos e uma irmã. O mais velho, o Luís, nunca o vi, porque quando nasci já ele estava na guerra. O meu outro irmão é o Marco. É um estudante universitário e vive ainda em casa dos meus pais, embora passe o tempo todo no bar com os amigos. A minha única irmã tem dezasseis anos e trabalha na loja dos meus pais. Todos ajudamos no café dos meus pais, menos (que saiba) o Luís.
Lembro-me do dia vinte e cinco de abril como se fosse ontem. Para mim, começou na noite do dia vinte e quatro. Já eram horas de me ir deitar, mas estava ainda a jantar porque o pai chegou antes da mãe e queimou o jantar… e a mãe demorou uma eternidade a acabar de cozinhar.

         - Vai chamar a Anabela para levantar a mesa – disse o meu pai, já cansado de ter andado de trás para a frente no café, embora seja eu que aponte os pedidos e os traga aos clientes.
         Fui logo ao meu quarto, porque sabia que a essa hora ela estava a fazer Deus sabe o quê no nosso quarto. Bati à porta e esperei cinco segundos até ouvir as molas gastas da cama a fazer o barulho que tanto odeio.
         - A mãe chamou-te, burra. Não precisas de esconder nada – disse sem abrir a porta e com os braços cruzados. Fugi logo dali e fui ajudar a minha mãe com a loiça.
 - Não tinhas nada de chamar nomes à tua irmã! – gritou o meu pai enquanto eu corria para a cozinha.

Sorri para dentro e olhei para trás. A Anabela nem tinha saído do nosso quarto. Não me importei, porque não era eu que iria levar o ralhete. Ajudei a minha mãe e a Anabela nada. Nem o Marco, nem a Anabela saíam do quarto.
         - Mas chamaste a tua irmã? – disse a minha mãe zangada.
         - Claro! Ela, ou não ouviu ou é surda! – respondi.

 Fui eu que tive de ajudar a minha mãe e quando me fui deitar, a Anabela não estava no nosso quarto. Nós vivemos no apartamento do rés-do-chão. Ela podia ter saltado da janela para fazer Deus sabe o quê. Deitei-me e adormeci.
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