História em Rede

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Talvez já tenhas adivinhado que os habitantes da Caninolândia, os caninolandeses, são os nossos fiéis amigos de quatro patas: os cães. 	O caninolandês mais especial é o Patinhas! Não te deixes enganar pelo seu nome, apesar de ser muito comum e nada original no mundo canídeo, ele tem uma característica que o distingue de todos os outros – sabe voar. O Patinhas viaja por todo o planeta e sabe onde pousar, pois conhece, dos livros, os sítios habitáveis que têm as condições necessárias para ele sobreviver durante a sua estadia.&nbsp;

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	Mas, superado o choque inicial com a temperatura e o cheiro deste novo planeta, iniciaram a procura do tal peixe especial e raro. Andaram, andaram, andaram, foram-se encontrando com alguns focolandeses e tentaram perguntar-lhes se alguma vez tinham ouvido falar nesse peixe, mas tinham um grande obstáculo: não falavam a mesma língua e não os conseguiam entender. O Patinhas lembrou-se que tinha colocado na sua mochila de exploração um capacete tradutor, o que facilitou a comunicação daí em diante. No entanto, alguns não sabiam do que eles falavam, outros davam indicações contraditórias e, é preciso dizer, os focolandeses não eram muito simpáticos nem prestáveis. Quando respondiam era sempre a correr, entre uma dentada num peixe, um mergulho nas águas e uma sesta. Muito dormiam os focolandeses, daí serem um pouco cheiinhos, porque pouco se mexiam.

	A Mimi também lhe falou das estrelas e da sua própria curiosidade em conhecer tudo ao redor do seu planeta, porque ao contrário do Patinhas ela não conseguia voar e, por isso, nunca tinha saído da Gatolândia. O Patinhas ficou espantado com o que ela sabia sem nunca ter viajado, mas a Mimi explicou-lhe que viajava muito sem sair do sítio, através dos livros e das horas infindáveis que dedicava à leitura.

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Na Focolândia, a paisagem e a temperatura também eram muito diferentes daquilo a que estavam habituados. Uma camada branca de neve cobria a maioria dos espaços de terra, abundavam grutas de gelo por todo o lado, parecidas com os iglus dos esquimós, e água, muita água salgada por todo o lado. O que valeu ao Patinhas e à Mimi para suportarem o ambiente mais agreste da Focolândia foram os seus corpos cobertos de pelo.

Receoso, o Patinhas apresentou-se àquela gata desconhecida e, surpreendentemente, tiveram uma conversa muito amigável e agradável. Ele descobriu que a gata se chamava Mimi. Cá para nós, que ninguém nos ouve, nestes planetas eles não são muito originais com os nomes, será que ainda vamos ver uma personagem chamada Tareco? Voltando ao nosso herói e à sua nova amiga…. Conversaram durante muito tempo. O Patinhas achava a Mimi especial, porque, apesar de ser uma gata, estavam a dar-se bem. Ela era muito vaidosa e tinha motivos para tal: bonita, olhos rasgados e brilhantes, olhar penetrante, uma voz super meiga, tinha o pelo mais macio e limpo que alguma vez o Patinhas tinha visto e uns bigodes muito bem cuidados e sedosos.

Nesse momento, o Patinhas, comovido, comprometeu-se a levá-la a visitar todos aqueles planetas, ficando agendado um novo encontro para dali a uma semana na Floresta Novelos de Lã e Ratos de Borracha, junto ao Lago de Leite que ficava mesmo perto de um parque cheio de caixotes de cartão. Tal como combinado, passada uma semana, os dois amigos reuniram-se na floresta. O Patinhas tinha uma surpresa - iam visitar a Focolândia! A Mimi tinha confidenciado ao nosso herói que gostaria de visitar esse planeta, porque constava pela Gatolândia, que, lá, existia um peixe que nunca ninguém tinha visto e que era o mais saboroso de toda a galáxia. Ora os gatos adoram peixe, daí o desejo de Mimi. O único problema era que este peixe estava muito bem escondido e para o encontrar era necessário superar vários obstáculos e armadilhas.

A Mimi preparava-se para colocar mais um peixe na sua boca quando sentiram o iglu a tremer, de tal maneira que o Patinhas só teve tempo de agarrar a amiga e puxá-la dali para fora. A bonita gata, toldada pela gula, nem se apercebeu do perigo que corria, resmungando com o seu fiel amigo. Já fora do iglu, em segurança, assistiram ao seu desmoronamento perante os seus olhos incrédulos. Nessa altura, Mimi caiu em si e agradeceu ao Patinhas a sua coragem e rapidez em colocá-los a salvo. Ela sentia um misto de emoções, se por um lado estava contente por estar sã e salva, por outro, estava desolada porque nunca mais iria conseguir comer outro peixe daqueles. 	Entardecia e as temperaturas da Focolândia diminuíam na mesma medida em que a luz do sol desaparecia, então, os dois amigos decidiram terminar a aventura por aquele dia e rumarem até aos seus planetas.

	Começaram a perceber que estavam no caminho certo quando avistaram, a poucos quilómetros, um planeta com o formato de um grande peixe, onde conseguiam ver uma grande mancha azul e algumas, mas poucas, manchas brancas e acastanhadas. Mal aterraram na Focolândia sentiram um cheiro intenso a peixe. A Mimi ficou toda contente e os olhos dela brilhavam ainda mais do que era habitual. O Patinhas sentiu-se um pouco enojado, é que os cães não partilham dos gostos gastronómicos dos gatos.&nbsp;

	Um dia, decidiu ir “além-fronteiras” e atreveu-se a visitar a Gatolândia. Quando lá chegou, não sabia muito bem onde estava e começou a achar estranho todos os postes de eletricidade estarem cobertos de corda para arranhar as unhas. Até que chegou perto dele uma gata muito bonita e ele percebeu que estava na Gatolândia!!! O nosso herói nunca tinha planeado visitar este planeta, porque, como vocês tão bem sabem, os gatos são os arqui-inimigos dos cães.

Caninolândia é o nome do planeta onde decorrerá a ação desta história. Vais perceber, rapidamente, que é um sítio especial e diferente de todos os que conheces e sobre os quais já tiveste oportunidade de ler! 	Este planeta longínquo, situado noutra galáxia, entre a Gatolândia e Ratolândia, orbita em torno da Boca de Incêndio, o equivalente ao nosso Sol. Quando visto do espaço parece-se mesmo com aqueles ossos de roer que damos aos nossos animais de estimação, mas com manchas castanhas e azuis como o nosso planeta Terra. Aqui existem muitos parques e jardins, repletos de árvores e erva verdejante, cheios de bebedouros, que parecem servir apenas para anões, e, o mais curioso, é que vemos brinquedos de roer espalhados por todo o lado.

	Ao longe começaram a ver um brilho que os atraiu e decidiram descobrir do que se tratava. Chegaram a um espaço onde encontraram um buraco cheio de água translúcida a abarrotar de uns peixes de uma cor dourada resplandecente. A Mimi, entusiasmada, exclamou para o Patinhas que aqueles deviam ser os peixes que tanto procuraram. Tão depressa o disse como colocou um pequeno peixe na boca. Por instantes os seus olhos até pareciam pequenas estrelas de tão grande que era a sua satisfação. Ela insistiu bastante com o Patinhas para experimentar um dos peixes, dizia-lhe que eram muito diferentes de tudo o que já tinha provado até aquele momento, mas o Patinhas não quis, argumentando que tinha comido um belo osso e um bife, naquela manhã, e que, para voar, precisava de ter cuidado com a linha.

	O Patinhas, como era muito curioso e ávido de conhecimento, fez várias perguntas à Mimi sobre a Gatolândia e ela, pacientemente, respondeu a todas, dando-lhe a conhecer o funcionamento do seu planeta. Estiveram horas infinitas a conversar, porque, para além da Gatolândia, a Mimi falou ao Patinhas de outros planetas dos quais ele nunca tinha ouvido falar: Focolândia, Esquilolândia, Peixolândia, Tubarolândia, Vacolândia, Corujolândia.

O Patinhas deixou na Gatolândia a sua amiga, que lhe tornou a agradecer a aventura vivida. 	Já sozinho, de regresso à Caninolândia, o Patinhas só pensava nos perigos que tinha corrido por causa de um peixe mal cheiroso e de repente perguntou-se se também existiria um osso especial, gigante e raro, perdido por um dos planetas daquela galáxia. 	Nessa noite, o Patinhas teve um sonho incrível, mas isso fica para outra história!

Autores 5.º D, 5.º G e 6.º D da E.B.2/3 do Estreito de Câmara de Lobos

	Apesar das contrariedades, os dois amigos não desistiram da sua busca, continuavam incansáveis a palmilhar aquele país inóspito. Até que a Mimi teve um pressentimento e entraram num iglu aparentemente pequeno, mas com um interior imenso, cheio de labirintos e com o chão repleto de buracos e espinhos. Aqui o Patinhas não conseguia voar porque a pouca altura não o permitia. Lembraram-se de prender cubos de gelo às suas patas e avançar pelo iglu, acharam que como as temperaturas eram tão baixas não corriam o risco de estes derreterem.&nbsp;

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